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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

SAÚDE PÚBLICA RECOMENDAÇÕES PARA TRATAMENTO DE INTOXICAÇÃO POR AGROTÓXICOS


O Ministério da Saúde criou um Comitê Elaborador, com a participação de profissionais com expertise em Saúde Pública, Toxicologia e Medicina do Trabalho, para elaborar as ‘Diretrizes Brasileiras para Tratamento de Intoxicações’. Os dois primeiros capítulos já estão prontos e publicados para já orientar os profissionais de saúde no atendimento a populações expostas a agrotóxicos. Ao todo, o documento contará com seis capítulos, que deverão ser entregues em 2019.

Nesta semana, a pasta publicou o segundo capítulo para auxiliar os profissionais de saúde na escolha de intervenções adequadas para o atendimento de pacientes intoxicados por inibidores de colinesterase (IC). Os agrotóxicos classificados como IC constituem um grupo de substâncias amplamente utilizadas como inseticidas, para controle de pragas na agropecuária ou desinsetização urbana e doméstica. Esses compostos também são usados na fabricação de armas químicas e estão entre os 10 ingredientes ativos utilizados para a fabricação dos agrotóxicos mais vendidos no Brasil. 

Já o primeiro capítulo, divulgado em outubro, aborda os aspectos gerais acerca do paciente com suspeita de exposição aguda a qualquer agrotóxico, incluindo prevenção, diagnóstico e tratamento. Nos capítulos posteriores serão desenvolvidos aspectos relacionados ao diagnóstico e tratamento das intoxicações por inibidores de colinesterase. As Diretrizes também vão trazer um capítulo sobre monitoramento da população cronicamente exposta a agrotóxicos.

Recomendações para intoxicação
A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST) do Ministério da Saúde, Daniela Buosi, explica que o documento final, “além dos capítulos específicos para cada um dos grupos de agrotóxicos mais utilizados no Brasil, contará também com um capítulo especial para abordagem de exposição crônica, aquela em que as populações têm exposições de baixa dose por longos períodos de sua vida”. Para Buosi, “esse tipo de exposição, na maioria dos casos, não apresenta sinais e sintomas, como nas intoxicações agudas, mas podem se traduzir em adoecimento tardio, com desfechos de saúde como o câncer”, explica Daniela Buosi.

A diretora considera que um documento que aborde a exposição crônica é de extrema importância para ações de vigilância em saúde, na prevenção do adoecimento e promoção de saúde. A exposição ao agrotóxico é problema de saúde pública que pode levar a graves efeitos crônicos e até o desenvolvimento de câncer, malformação e danos para o sistema nervoso e endócrino, dentre outros.

Todas as recomendações previstas nas Diretrizes estão levando em consideração fatores, como qualidade das evidências científicas; balanço entre riscos e benefícios; custos associados à intervenção; aceitabilidade, viabilidade e importância do problema. Fazem parte do Comitê Gestor representantes da Associação Brasileira de Centros de Informações Toxicológicas (ABRACIT), dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX), médicos toxicologistas de núcleos universitários do país e médicos do trabalho das Secretarias de Estaduais Saúde. Além desses, foram convidados membros integrantes de diversos departamentos do Ministério da Saúde.

A notificação de intoxicação por agrotóxico é compulsória devendo ser realizada pelo profissional de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro atendimento ao paciente, em até 24 horas desse atendimento, pelo meio mais rápido disponível. Em 2015, foram notificados 11.863 casos intoxicações por agrotóxicos em todo o país. Em 2014 foi registrado foram 12.695 notificações.

Por Nivaldo Coelho e Victor Maciel, da Agência Saúde



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