Nos dias 25 e 26 de maio, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) realizou a 330ª Reunião Ordinária, em Brasília. Na manhã do primeiro dia, logo após a abertura, que contou com a presença do secretário executivo do Ministério da Saúde, na condição de Ministro em exercício, Daniel Fernandes, os conselheiros e as conselheiras receberam representantes de associações de familiares e vítimas da Covid-19. Além de apresentar o trabalho que está sendo desenvolvido por cada associação, as representantes dialogaram sobre os desafios encontrados, políticas públicas e defesa dos direitos das vítimas de Covid-19.
Paola Falceta começou sua fala
contando sobre o seu desafio de transformar o luto pela morte de sua mãe, em
condições difíceis e com falta de estrutura, na luta à frente
da Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico
Brasil), da qual é presidenta e fundadora.
Ela chamou a atenção para a
inércia no acolhimento dos sobreviventes com sequelas da Covid-19. “Nós já
estamos há quase 3 anos com a Covid-19 no Brasil e ainda nada foi feito. Nós
não temos um protocolo nacional de monitoramento, de avaliação ou de orientação
aos estados, às secretarias estaduais e municipais de como atender a população
acometida com a Covid longa”.
Um estudo longitudinal, desenvolvido
pela Fiocruz Minas, que avaliou os efeitos da Covid-19 ao longo do tempo,
constatou que metade das pessoas diagnosticadas com a doença apresentam
sequelas que podem perdurar por mais de um ano. A pesquisa acompanhou, por 14
meses, 646 pacientes que tiveram a infecção e verificou que, desse total, 324,
ou seja, 50,2%, tiveram sintomas pós-infecção, caracterizando o que a
Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica como Covid longa e que mais da
metade dos acometidos são mulheres. O
estudo foi publicado na revista Transactions of The Royal Society of
Tropical Medicine and Hygiene.
A representante da Associação
Nacional em Apoio e Defesa dos Direitos das Vítimas da Covid-19 Vida &
Justiça Rosângela Dornelles chamou a atenção para o aumento da demanda aos
serviços de saúde que associa, à demanda regular, um grande volume de pacientes
cujo atendimento ficou represado durante a pandemia, somados aos casos de Covid
longa e aumento de casos de saúde mental. Rosângela explica que o aumento da
demanda e a escassez de recursos afetam negativamente tanto os profissionais da
saúde quanto os pacientes. “Quando buscam cuidados de saúde, as
pessoas ficam expostas a uma dinâmica cruel, expressa por várias barreiras que
geram demora ou impossibilidade para obter atendimento, produto do
desequilíbrio existente entre os recursos e as necessidades de saúde”,
ressaltou.
Encaminhamentos
Esse ponto de pauta do Pleno,
que recebeu as representantes das associações de familiares e vítimas da
Covid-19, foi coordenado pela conselheira nacional de Saúde e integrante da
mesa diretora do Conselho, Ana Lúcia Paduello e pelo presidente do CNS,
Fernando Pigatto.
Entre os encaminhados da
reunião, estão a produção de duas recomendações, uma para garantir a quarta
dose para pessoas com deficiência e outra, direcionada ao Ministério da Saúde,
recomendando o monitoramento, acompanhamento e estabelecimento de uma rede de
cuidados da Covid-19
0 comentários:
Postar um comentário