O crescente número de casos de
hepatite aguda de origem desconhecida em crianças tem intrigado autoridades da
área de saúde em pelo menos 20 países. Em 15 de abril, a Organização Mundial da
Saúde (OMS) publicou um alerta sobre casos de hepatite aguda severa de causa
desconhecida. Segundo a OMS, o número de casos notificados é 614, sendo que
ocorreram 14 óbitos. A doença atinge principalmente crianças e adolescentes
cujas idades variam de um mês a 16 anos.
O Ministério da Saúde informou
que há 64 casos suspeitos no Brasil e o governo criou uma Sala de Situação para
monitorar a doença com o objetivo de investigar os casos reportados e realizar
um levantamento de evidências. A enfermidade foi identificada pela primeira no
Reino Unido e causa sintomas gastrointestinais, incluindo náuseas, dores
abdominais, vômitos, icterícia, aumento de enzimas hepáticas (aspartato
transaminase (AST) ou alanina aminotransaminase (ALT) acima de 500 UI/L e
ausência de febre.
Os casos são classificados
como uma inflamação no fígado aguda e severa de origem desconhecida e a doença
foi apelidada de hepatite misteriosa, pois difere de registros médicos
anteriores. Os exames tradicionais de sangue são negativos para hepatites A, B,
C, D e E.
Pesquisadores estudam relação
entre hepatite e adenovírus
Uma possível associação entre
infecções causadas pelo adenovírus 41 e a hepatite misteriosa foi apontada em
uma pesquisa do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças. A infecção
por adenovírus foi detectada em ao menos 74 casos. Em 18 casos, testes
moleculares identificaram a presença do adenovírus F tipo 41 e, em 20 casos,
foi descoberta a presença do SARS-CoV-2, que causa a Covid-19.
Além disso, em 19 casos houve
uma coinfecção por SARS-CoV-2 e adenovírus. O órgão trabalha com a hipótese de
que o vírus pode ser o responsável pela doença. A relação entre a hepatite
aguda e a vacina contra Covid-19 foi descartada.
Os adenovírus são vírus de DNA
dupla fita e existem mais 51 subtipos do vírus que estão divididos em sete
subgrupos e podem causar infecções em humanos. Os adenovírus são a causa
mais comum de doenças respiratórias e os sintomas podem variar desde um
resfriado comum até pneumonia, infecções do trato respiratório superior e
bronquite. As vias aéreas superiores são o local mais frequente da infecção por
adenovírus. Porém, dependendo do tipo do vírus, eles podem acarretar outras
doenças como gastroenterites, conjuntivites, cistites e, com menor frequência,
doenças neurológicas.
A transmissão do vírus ocorre
por meio do contato entre as pessoas e as crianças que são mais regularmente
afetadas do que adultos. Em crianças de até cinco anos, as infecções por
adenovírus chegam a 80%. Na maioria dos casos, as infecções regridem
espontaneamente em poucos dias e, por isso, não precisam de intervenção terapêutica.
Porém, as infecções graves por
adenovírus necessitam de internamento e tratamento específico, incluindo
cuidados intensivos e ventilação assistida. De acordo com o Instituto Butantã,
ocorreram casos raros de infecções graves por adenovírus que resultaram em
hepatite em pacientes imunocomprometidos e transplantados, por exemplo. No
entanto, as crianças infectadas com hepatite aguda eram previamente saudáveis.
Exames moleculares detectam
Adenovírus, sorotipo F tipo 41
Detectar rapidamente o adenovírus
é vital para minimizar a gravidade desse panorama. O laboratório ID8 – Inovação
em Diagnóstico oferece diagnósticos moleculares de alta sensibilidade que
detectam o Adenovírus, incluindo o adenovírus F tipo 41, em apenas uma
amostra.
O exame é rápido, acessível,
de alta precisão – sem falsos positivos ou negativos – e possibilita que o
paciente receba um tratamento apropriado, agindo diretamente sobre as
consequências negativas da enfermidade. O exame é bastante oportuno para
hospitais, já que a agilidade é imprescindível em atendimentos de
emergência.
Rodrigo Chitolina, supervisor
de laboratório e responsável técnico do ID8 – Inovação em Diagnóstico, explica
a importância dos exames moleculares para detecção do Adenovírus, oferecidos no
ID8: “No laboratório trabalhamos com metodologias de biologia molecular
que são importantes aliados na conclusão de um diagnóstico, pois, além de
serem padrão ouro com alta sensibilidade e especificidade, quando em formato de
painéis, podem detectar vários patógenos com uma única amostra, o que acelera a
conclusão do diagnóstico médico”, aponta.
Ainda de acordo com Chitolina,
atualmente o ID8 conta com dois exames que detectam o Adenovírus, o Exame
Adenovírus – Detecção por qPCR e o exame Painel de Encefalites, sendo que,
ambos detectam todos os sorotipos descritos para a espécie, incluindo o
sorotipo F tipo 41, possivelmente relacionado à hepatite aguda em crianças.
“Além disso, ambos os exames apresentam uma gama de amostras passíveis de serem
testadas, incluindo sangue total, que para a pesquisa da infecção hepática pode
ser mais aconselhável, que apenas em amostra respiratória”.
É importante destacar que
dentro do laboratório todos os exames são tratados em caráter de urgência e
liberados em poucas horas após o recebimento, pois funciona 24 horas por dia,
todos os dias da semana. “Dessa forma trazemos assertividade e celeridade para
o diagnóstico e conduta médica. Esse formato de trabalho 24/7 é essencial para
o atendimento a hospitais, uma vez que, caso detectado uma suspeita de hepatite
aguda a amostra precisa ser processada o mais rápido possível e não ficar
aguardando a análise em um dia útil ou apenas horário comercial”, acrescenta
Rodrigo, do ID8.
Além da preocupação com a
hepatite aguda, profissionais da saúde permanecem em estado de alerta em
relação a doenças respiratórias em crianças. O Ministério da Saúde informou que
houve um aumento de 30% nas internações de crianças de até cinco anos com síndrome
respiratória aguda grave (SRAG) nos quatro primeiros meses do ano na comparação
com o mesmo período do ano anterior.
Na Atualização em Pediatria –
Temporada 2022 – doenças respiratórias e hepatites em crianças, evento online organizado
pela Sociedade Paranaense de Pediatria, a pediatra infectologista Marion Burger
reiterou a importância da vacinação: “É preciso reforçar a vacinação de todas
as vacinas do calendário infantil para aumentar a proteção coletiva. Em 2020 e
2021, as crianças estavam isoladas e, agora em 2022, os outros vírus
respiratórios começam a mostrar suas garras”.
Segundo ela, o uso de máscaras e de álcool em gel e o distanciamento social devem ser mantidos para proteger as pessoas da disseminação de diferentes vírus. “Não entendo as pessoas reclamarem tanto sobre o uso de máscaras. Devemos ser como os asiáticos e fazer disso um hábito de rotina para evitar que esses vírus se propaguem e causem consequências graves”, frisou. (Com informações da DePropósito Comunicação – 09.06.22)
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