“Temos uma longa história em
comum. O Instituto Pasteur e a Fundação Oswaldo Cruz não compartilham somente
conhecimentos científicos, mas valores. Estamos vivendo um período fascinante
na ciência, com a fusão de várias disciplinas. Estes novos modos de organização
científica são muito exigentes, nada mais é como era há 10 anos. Devemos
lembrar disso, quando discutimos colaborações. Assim como devemos antecipar
onde estaremos dentro de 15 anos”.
A declaração do presidente do
Instituto Pasteur, Christian Bréchot, em reunião realizada na última
terça-feira (4/4), em Manguinhos, evoca laços que unem as duas instituições no
passado e no futuro. A Fiocruz está vinculada desde o seu surgimento àquele
instituto francês, onde o sanitarista que dá nome à Fundação estudou. Ao longo
do tempo, diversas ações em conjunto foram desenvolvidas pelas duas
instituições, que compartilham não apenas conhecimentos científicos, mas uma
compreensão do que são a saúde e a ciência. E esta proximidade se manifesta
mais uma vez no momento atual, de renovação e novos desafios na saúde pública.
O encontro reuniu dirigentes e
pesquisadores brasileiros e franceses, assim como membros do corpo diplomático
francês e representação da USP. Em pauta, projetos que desenvolvam o histórico acordo de parceria entre as três
instituições assinado em 2015.
“Temos uma cooperação
histórica e estratégica com o Pasteur, e muitos novos projetos a caminho.
Queremos avançar para o estabelecimento de um centro comum. Desenvolveremos
programas interdisciplinares, envolvendo vários campos de pesquisa, para
enfrentamento a doenças infecciosas e novos problemas de saúde”, disse a
presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.
A primeira dessas parcerias
mencionadas por Nísia deve ser divulgada em breve: uma chamada para projetos em
conjunto entre Pasteur, USP e Fiocruz, que contemplará estudos sobre doenças
transmitidas por vetores, neurociência e medicina translacional, entre outros.
O edital está em preparação e será divulgado assim que estiver concluído.
Em relação ao antigo sonho
comum do estabelecimento do Instituto Pasteur do Brasil, o diretor do Instituto
Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Wilson Savino, e responsável pela coordenação de
Estratégias de Integração Regional e Nacional da Fiocruz, fez uma apresentação do Campus Eusébio, no Ceará, com inauguração
prevista para o final deste ano. Savino destacou as facilidades com as quais
contará a unidade, colocando-a como uma das sedes do Pasteur do Brasil.
Dentre seus pontos está um
enfoque em pesquisas de ciência de ponta sobre doenças infecciosas, moleculares
e neuronais, entre outras. O pesquisador colocou que já há pesquisadores da
Fiocruz no Ceará trabalhando com saúde da família, saúde ambiental e com
aplicação do uso de dados na área médica, e reforçou outros atrativos do
centro. “O estado do Ceará tem o melhor balanço fiscal e o maior nível de
investimento público em todo o Brasil. A Fiocruz Ceará fará parte de um hub da
saúde no estado, incluindo infraestrutura e tecnologia”, afirmou.
O vice-presidente
internacional do Pasteur, Marc Jouan, destacou que a parceria entre as
instituições deve evoluir passo-a-passo, e que o chamado para projetos que será
divulgado é um bom exemplo de ações concretas a serem tomadas. “Precisamos
simplificar, encontrar soluções concretas. Queremos que os projetos estejam
selecionados até julho. Este é um bom exemplo de trabalho em conjunto”,
afirmou.
Jouan acrescentou que, no
futuro, o cenário ideal seria a criação de um fundo em comum entre as três
instituições, que pudesse financiar projetos em comum. “Deste modo, poderíamos
lançar projetos todo ano. Precisaríamos ser muito flexíveis, disponibilizando
os fundos também para pesquisadores na França”, disse. Bréchot, o presidente do
Pasteur, endossou esta ideia, afirmando que o fundo não deve ser “imenso, mas
ainda assim muito representativo, sobretudo do que há de mais avançado”.
No resto da reunião, foram
discutidos detalhes sobre como viabilizar tecnicamente a criação deste fundo e
outras parcerias. O vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional
da Fiocruz, Mário Moreira, ficou encarregado de pesquisar arranjos
institucionais viáveis à Fundação.
André Costa
(CCS/Fiocruz)Fiocruz
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