A causa mais provável do surto
de febre amarela silvestre que ocorre no Brasil neste ano, pelas informações
disponíveis até agora, está ligada a períodos de secas ou de anomalia de chuvas
em áreas próximas a matas. De acordo com a especialista da Fiocruz Márcia
Chame, que falou aos deputados da Comissão de Seguridade Social nesta
quinta-feira (6); os dados ainda são preliminares, mas explicam, por exemplo, o
surto ocorrido em 2009 no Rio Grande do Sul e o atual, na região central do
País, principalmente em Minas Gerais.
Especialistas ouvidos na
comissão ressaltaram a importância da prevenção
A pesquisadora ressaltou a
importância de capacitar os agentes comunitários de saúde, que atuam no
interior do País, para detectar sinais da presença deste tipo de doença.
"É muito importante que o País entenda a necessidade de aperfeiçoar as
informações, principalmente as que estão no campo. E isso só vai ser feito se
as pessoas que estiverem no campo forem capacitadas e puderem fazer a
vigilância no período de silêncio. Para a gente entender esse processo, senão a
gente só corre na época dos surtos."
Márcia Chame contou que foi
uma enfermeira de Franciscópolis, em Minas Gerais, quem deu o primeiro alerta
sobre a possibilidade da doença em outubro do ano passado. O cidadão comum,
segundo Márcia, pode usar um aplicativo da Fiocruz para enviar fotos ou relatar
mortes ou mudanças de comportamento em animais silvestres como os macacos.
Oriana Bezerra, representante
do Conselho Nacional de Saúde, disse que prevenção e vigilância custam
dinheiro; mas são fundamentais. Ela citou o exemplo da falta de vigilância
contra a raiva no País. Segundo ela, uma investigação sobre a morte de um animal
por raiva pode levar a descobrir outras causas.
Outro exemplo de cuidado com a
prevenção foi dado por Cássio Peterka, representante do Ministério da Saúde.
Ele informou que foram registradas apenas 31 mortes por malária em 2016. Este
seria o momento ideal, segundo ele, para investir na eliminação da forma mais
grave da doença. Isso é importante porque o vírus já estaria mostrando sinais
de resistência à medicação atual na Ásia.
O deputado Mário Heringer
(PDT-MG), que pediu a realização da audiência, relatou a possibilidade de
doentes de febre amarela terem pego a doença mais de uma vez. "Na cidade
de Manhuaçu, temos hoje internados no hospital César Leite 4 pacientes que
apresentaram recidiva - eu nunca tinha ouvido falar disso - de febre amarela. Temos
que saber por que isso está acontecendo."
Renato Alves, representante do
Ministério da Saúde, disse que esses casos ainda estão sendo investigados.
Segundo ele, o surto de febre amarela teve 1.987 casos notificados, mas apenas
586 confirmados em 5 estados até agora.
Reportagem - Sílvia Mugnatto,
Edição – Natalia Doederlein Billy Boss - Câmara dos Deputados
Agência Câmara Notícias
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