Cerca de 2.100 dos 2.400 necessários foram
recrutados, segundo o Hospital das Clínicas de São Paulo, que desenvolve
imunizante com os Estados Unidos
A primeira vacina do mundo
contra a zika já tem 2.100, ou 87,5%, dos 2.400 voluntários necessários para a
segunda fase de testes, segundo Lilian Ferrari, uma das coordenadoras da
pesquisa no Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP, em São
Paulo.
Apesar de ainda restarem 300
voluntários para atingir a meta até 31 de dezembro, o HC realiza, neste
momento, uma pausa no recrutamento para balanço no total de participantes em
todos os países envolvidos no estudo, de acordo com a pesquisadora.
A vacina está sendo
desenvolvida pelo HC em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados
Unidos e requer 2.400 voluntários em países do continente americano. Esta é
segunda fase de testes, que engloba cinco no total, e tem o objetivo avaliar a
segurança e a eficácia da vacina.
"Nesse momento, houve uma
pausa nas inscrições. Estamos montando um banco de dados. Mas o projeto está
aberto. Quem tiver interesse em se inscrever pode se apresentar, pois os que
não participarem deste teste terão a opção de migrar para outro, de gripe
aviária", afirma.
Para a pesquisadora, apesar do
número quase alcançado do total de participantes, o maior desafio da pesquisa é
recrutar voluntários. "As pessoas têm muito medo de participar porque
ainda estão fixadas no termo 'cobaia'. Mas não é nada disso, é praticamente um
contrato, tudo é regulamentado e não há nada que não passe pelo comitê de
ética".
Voluntários não podem ter tido
a doença
Os interessados podem se
apresentar até dia 31. São aceitos voluntários homens e mulheres entre 15 e 35
anos que nunca contraíram a zika. É preciso que não tenham tomado qualquer
tipo de vacina nos últimos 30 dias e não disponham de doença crônica
descontrolada. Menores de 18 anos necessitam de autorização presencial do pai e
da mãe.
Todos os voluntários desta
pesquisa irão receber três doses de vacina em um período de dois meses. Metade
será vacinado com o novo imunizante e a outra metade com placebo. Os
voluntários serão acompanhados pelos pesquisadores ao longo de dois anos e não
serão informados se receberam a vacina ou o placebo.
Saiba mais: Estudo pode
revelar como a zika causa lesões no cérebro
A participação não é
remunerada, pois a legislação brasileira não permite. Mas a Faculdade de
Medicina da USP informa que os voluntários serão ressarcidos dos gastos com
transporte e alimentação nos dias de consulta.
Segundo a pesquisadora, as
pessoas que se inscrevem como voluntárias são movidas por altruísmo ou por
profilaxia da doença ou porque viajam para locais de risco com frequência ou porque
perderam ou tiveram familiares acometidos pela zika. "Vale ressaltar
que quem se voluntaria está ajudando o futuro da ciência", afirma.
Vacina é feita com DNA do
vírus da zika
A vacina é feita de fragmento
de material genético do vírus, e não de vírus vivo atenuado, como a vacina
da febre amarela e, por essa razão, não apresentaria reações
adversas.
O encerramento do estudo
depende da circulação do vírus. É preciso haver uma exposição natural dos
voluntários ao vírus para que se possa comprovar a eficácia da vacina.
A eficácia é mensurada pela
quantidade de anticorpos produzidos no organismo dos voluntários vacinados que
entraram em contato naturalmente com o vírus.
A vacina foi criada pelo
Centro de Pesquisas de Vacinas (VRC), do Instituto Nacional de Alergia e
Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e está sendo testada onde a doença é
disseminada, que são países das Américas.
O cadastro de voluntário deve
ser feito pelo (11) 2661-7214, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.
Doença provoca microcefalia em
fetos
A zika é transmitida
pelo mosquito Aedes aegypti e está relacionado a casos
de microcefalia em fetos e à síndrome de Guillain-Barré. Foi
identificado em 1947 e recebeu a denominação de seu local de origem, a
floresta Zika, em Uganda.
Além da picada de inseto, a
zika pode ser transmitida por meio da relação sexual. O vírus permanece por
cerca de seis meses no sêmen do homem que contraiu a doença.
O Brasil registrou epidemia de
zika em 2015, que atingiu principalmente o Nordeste. Em 2016, a Organização
Mundial da Saúde (OMS) decretou a doença como emergência de saúde pública
de importância internacional.
Mais de 200 mil ocorrências de
zika foram registradas no mundo, segundo a OMS, sendo mais da metade desse
número no Brasil.
Brasil registra mais de 7 mil
casos de zika
Neste ano, foram registrados
7.544 casos prováveis de zika e duas mortes no país, segundo o último boletim
epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado em novembro. As
mortes ocorreram no Paraíba e em Alagoas.
Entre esses casos, 1.011 são
de gestantes. Até o momento foram confirmados 389 casos em grávidas.
A taxa de incidência de zika
no Brasil é de 3,6 casos para cada 100 mil habitantes. A região Sudeste lidera
em número de casos prováveis, com 2.779, o que corresponde a 36,8% do país. Em
seguida, estão o Nordeste, com 2.184, Centro-Oeste, com 1.596, Norte, com 944,
e Sul, com 41.
Saiba mais: Jovem é internada
após médicos confundirem sarampo com zika
Já as regiões Centro-Oeste e
Norte apresentam as maiores taxas de incidência: 10,1 casos para cada 100 mil
habitantes e 5,3 casos para cada 100 mil habitantes.
As cidades com maior
incidência da doença são Pé de Serra (BA), Niterói (RJ), Cuiabá (MT) e São
Gonçalo (RJ).
R7
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