Embora a imunoterapia seja tida como a maior revolução da
oncologia nos últimos anos, ela ainda não havia chegado ao câncer
de mama. Eis que a aprovação no Brasil do medicamento atezolizumabe, da
Roche, quebra esse paradigma e, de quebra, traz uma opção justamente contra o
subtipo mais agressivo da doença e mais carente de inovações: o tumor de mama
triplo-negativo.
A indicação do remédio é para
os casos avançados ou metastáticos da enfermidade – ou seja, quando ela já se
espalhou para outros órgãos. “Essas pacientes […] têm um prognóstico difícil. O
tratamento aprovado pela Anvisa se torna o preferencial na prática clínica”,
afirma o oncologista Carlos Barrios, diretor do Centro de Pesquisa em Oncologia
do Hospital São Lucas (RS), que participou dos estudos
que avaliaram a droga, em um comunicado à imprensa.
A aplicação do atezolizumabe
em conjunto com um quimioterápico ampliou significativamente a sobrevida das
mulheres. Você pode ver esses resultados em detalhes e entender o mecanismo de
ação do medicamento em uma reportagem que fizemos um tempinho atrás, quando esses
estudos saíram do forno.
Ao contrário dos tratamentos
comuns contra o tumor, a imunoterapia não se volta contra a doença em si. Na verdade, ela estimula as células de defesa da pessoa a
reconhecerem o inimigo e o atacarem. Desde o surgimento da classe, diversos
cânceres foram beneficiados.
Para ter ideia, o próprio atezolizumabe já tem indicação no Brasil contra o
câncer de bexiga e o de pulmão. No entanto, nem ele nem outros
imunoterápicos estão à disposição no sistema público. O alto custo dessa linha
de tratamento é um dos desafios a serem superados nesse sentido.
O câncer de mama triplo-negativo
e o tratamento atual
Esse tumor não apresenta três
alvos que podem ser atacados por determinados tratamentos – daí seu nome. Para
ser mais específico, ele NÃO tem:
• Receptores de estrogênio, um
hormônio feminino
• Receptores de progesterona, outro hormônio feminino
• Proteína HER2
• Receptores de progesterona, outro hormônio feminino
• Proteína HER2
Sem esses tais biomarcadores,
fica difícil enfrentá-lo com hormonioterapia ou terapia-alvo, por exemplo.
Se ele é diagnosticado logo no
início, ainda pode ser removido com cirurgia. Do contrário, as mulheres com
câncer de mama triplo negativo – que correspondem de 10 a 15% dos casos –
tinham à disposição basicamente a quimioterapia, eventualmente com apoio da
radioterapia.
Essa carência de terapias
modernas contribui para a alta taxa de mortalidade da enfermidade. Antes do
atezolizumabe, outros medicamentos inovadores foram testados, sem
sucesso. Daí a importância do resultado atual.
Fonte: Saúde é Vital

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