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sábado, 5 de novembro de 2016

OMS publica novas diretrizes para acabar com infecções cirúrgicas

Atualmente, em países de baixa e média renda, 11% dos pacientes que passam por cirurgias são infectados no procedimento. Nos Estados Unidos, complicações operatórias causadas por microrganismos geram custos adicionais de 900 milhões de dólares por ano. Conjunto de 29 novas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) é primeiro guia global com indicações para prevenir e acabar com o problema.

Novas diretrizes da OMS buscam acabar com infecções contraídas na mesa de cirurgia. 

Pessoas que se preparam para cirurgias devem sempre tomar banho, mas não serem depiladas, e antibióticos só devem ser usados para prevenir infecções antes e durante o procedimento, não depois. As recomendações fazem parte das novas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para prevenir complicações operatórias causadas por microrganismos. Diretrizes foram divulgadas na quinta-feira (3) no The Lancet Infectious Diseases.

Atualmente, em países de baixa e média renda, 11% dos pacientes que passam por cirurgias são infectados no procedimento. Na África, até 20% das mulheres submetidas a cesáreas contraem infecção na ferida — o que compromete a própria saúde e também sua habilidade de cuidar dos bebês.

O documento publicado nesta semana reúne 29 diretrizes — elaboradas por 20 dos principais especialistas globais e a partir de 26 revisões de evidências científicas — para evitar complicações ligadas a agentes patogênicos.

Mais cedo ou mais tarde, muitos de nós precisarão de cirurgia, mas nenhum de nós quer pegar uma infecção na mesa de operação.

A OMS esclarece que as infecções cirúrgicas são causadas por bactérias que penetram no corpo através de incisões feitas durante operações. Elas colocam a vida de milhões de pacientes em risco a cada ano e contribuem para aumentar a resistência de microrganismos a antibióticos.

O problema não afeta apenas os países mais pobres. Nos Estados Unidos, estudos indicam que infecções cirúrgicas levam pacientes a passar 400 mil dias a mais no hospital. O custo desse tempo de permanência adicional é calculado em 900 milhões de dólares por ano.

“Ninguém deveria ficar doente enquanto procura ou recebe cuidados”, ressaltou a diretora-geral assistente para sistemas de saúde e inovação da OMS, Marie-Paule Kieny.

Prevenindo infecções antes, durante e depois da cirurgia

A lista divulgada pela OMS contém 13 recomendações para o período pré-cirúrgico e outras 16 para prevenir infecções durante e depois do procedimento. 

As orientações vão desde simples precauções, como assegurar que os pacientes tomem banho antes da cirurgia e a melhor maneira de higienizar as mãos para as equipes cirúrgicas, até indicações sobre quando usar antibióticos para prevenir infecções, quais desinfetantes utilizar antes da incisão e quais suturas são mais adequadas.

Um estudo-piloto em quatro países africanos mostrou que a aplicação de algumas das novas recomendações poderia reduzir as infecções cirúrgicas em 39%. Medidas também seriam capazes de diminuir os danos das eventuais complicações provocadas por bactérias.

“Mais cedo ou mais tarde, muitos de nós precisarão de cirurgia, mas nenhum de nós quer pegar uma infecção na mesa de operação”, explicou o diretor do Departamento de Prestação de Serviços e Segurança da OMS, Ed Kelley.

“Aplicando essas novas diretrizes, as equipes cirúrgicas podem reduzir danos, melhorar a qualidade de vida e fazer a sua parte para acabar com a resistência a antibióticos. Nós também recomendamos que os pacientes que se preparam para cirurgias perguntem a seus médicos se eles estão seguindo as orientações da OMS.”

Até o momento, não havia diretrizes internacionais baseadas em evidências e a interpretação de dados científicos, bem como as recomendações das orientações nacionais não eram uniformes.
As novas diretrizes da OMS são válidas para qualquer país, adaptáveis a circunstâncias locais, e levam em conta a consistência das evidências das pesquisas utilzadas. Custos, recursos necessários e as preferências dos pacientes também são levados em conta.

Resistência a antibióticos

As diretrizes recomendam o uso de antibióticos apenas antes e durante a cirurgia — medida considerada crucial pela OMS para interromper a propagação da resistência a esses medicamentos. Ao contrário do habitual, antibióticos não devem ser usados após a cirurgia, recomenda a agência de saúde das Nações Unidas.
Antibióticos são drogas medicinais consumidas para prevenir e tratar infecções bacterianas. A resistência ocorre quando a bactéria se modifica em resposta ao uso desses medicamentos. É um processo que transcorre naturalmente, com o tempo. Entretanto, a utilização inapropriada em humanos e animais pode acelerar as transformações dos microrganismos.

A OMS alerta que isso colocar em risco diferentes conquistas da medicina moderna. Sem antibióticos eficazes para impedir e curar infecções, transplantes de órgãos, quimioterapia e cirurgias como cesárea e próteses do quadril se tornam muito mais perigosas e podem aumentar o tempo de internação no hospital, os custos médicos e a mortalidade.

Acesse as diretrizes aqui (em inglês).
Foto: Flickr (CC) / Army Medicine / John Chew



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