O
Plenário da Câmara dos Deputados foi invadido por mias de 550 pessoas durante a
sessão deliberativa desta quarta-feira (16), enquanto os deputados discursavam
à espera de quórum para o início da ordem do dia da sessão extraordinária. Os
manifestantes, que pediam intervenção militar e o fechamento do Congresso,
foram retirados à força pela polícia legislativa da Câmara e pela Polícia
Federal.
O
senador Raimundo Lira (PMDB-PB) classificou os invasores de golpistas e disse
que o Congresso devia pedir ao Ministério da Defesa uma tropa especial para
desalojá-los do plenário da Câmara.
—
Nós sabemos que invasão de Parlamento democrático é golpe de estado, e a
Constituição brasileira tem todas as cautelas, todas as medidas que poderão ser
usadas contra golpistas. Não são militantes, são golpistas — acusou.
Também
o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) cobrou ações severas para retirada
dos manifestantes. Ele considerou o protesto um “atentado” e acrescentou que o
Senado e o Supremo Tribunal Federal poderiam ser os próximos alvos de
manifestações semelhantes.
— É
hora de usar-se a força necessária para restabelecer a ordem. O que está
havendo é uma desordem. E nós não podemos admiti-la, sob pena de estarmos aqui
compactuando com tudo isso.
O
líder do governo, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), também cobrou rigor
no trato com os manifestantes. Segundo ele, a invasão do Plenário da Câmara é
uma ação ilegal, promovida por “um grupo de pressão que pretende obstaculizar
ou impedir o funcionamento de um dos Poderes da República”.
—
Esse é um fato da maior gravidade, que deve merecer o repúdio de todos nós. Eu
não quero nem saber qual é a causa que eles pretendem defender. Não me
interessa! O que eu posso lhe dizer – e creio que esse é o ponto de vista de
muitos dos nossos colegas – é que esse comportamento não se sustenta diante da
ordem democrática, é um comportamento criminoso que deve ser punido com o maior
rigor e não pode ser tolerado — afirmou.
Aloysio
Nunes declarou ainda ser preciso uma atuação firme das forças de segurança e
também uma atitude, por parte do Poder Judiciário e do Ministério Público, de
defesa intransigente da ordem democrática. O senador afirmou que movimentos
como esse estão violando em diversos protestos pelo país — como, por exemplo, a
ocupação das universidades públicas.
Gritos
Uma
das primeiras a se manifestar em Plenário, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR)
classificou o protesto como “intolerante e agressivo” e questionou como os
manifestantes conseguiram entrar na Casa. Ela afirmou que foram os mesmos a
interromper pela manhã, aos gritos, a reunião da
Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) em que era
debatido o Programa Escola sem Partido.
—
Para nós colocarmos os estudantes aqui, na semana passada, para acompanhar a
discussão da PEC e da MP, foi uma negociação quase infindável. E diziam que
eles eram baderneiros! Quem é baderneiro? Quem vem aqui acompanhar uma audiência
e lutar pelos seus interesses ou quem quebra a porta da Câmara, entra no
plenário, não tem uma bandeira fixa e vai lá apenas para causar problemas? –
reclamou a senadora, registrando que os representantes do movimento social
nunca quebraram nada no Congresso.
A
senadora Fátima Bezerra (PT-RN) também cobrou uma posição do Congresso,
lembrando que, na semana passada, até spray de pimenta foi jogado nos
estudantes.
Já o
senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) citou o deputado Ulysses Guimarães
(1916-1992) para ilustrar o momento que vive o Congresso: “Conhecemos o caminho
maldito: invadir o Parlamento, trancar as portas do Parlamento, mandar os
patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério”. Randolfe sublinhou que uma
nação cujo Parlamento é invadido e impedido de funcionar perde condição de
democrática.
O
plenário da Câmara foi desocupado no final da tarde e os deputados puderam
retomar a sessão deliberativa na Casa. A sessão do Congresso, que estava
marcada para às 17h, foi cancelada.
Agência
Senado
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