Campanha do Ministério da
Saúde, em conjunto com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, irá
vacinar 19,7 milhões de pessoas de 76 municípios. O objetivo é evitar a
circulação e expansão do vírus
Ministro da Saúde, Ricardo Barros, explicou que a adoção do
fracionamento visa evitar surto de febre amarela. Veja mais no Flickr
Entre fevereiro e março deste
ano, 76 municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia irão
realizar campanha de vacinação com doses fracionadas e padrão contra a febre
amarela. O objetivo é evitar a expansão do vírus para áreas próximas de onde há
circulação atualmente. No total, 19,7 milhões de pessoas destes municípios
deverão ser vacinadas na campanha, sendo 15 milhões com a dose fracionada e
outras 4,7 milhões com a dose padrão. A adoção do fracionamento das vacinas é
uma medida preventiva que será implementada em áreas selecionadas, durante
período determinado de 15 dias.
Ao anunciar a nova medida
nesta terça-feira (09), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, explicou que a
adoção do fracionamento visa evitar um surto como ocorreu no primeiro semestre
de 2017. “Os estudos concluídos, até o momento, demonstram que a vacina padrão
e a fracionada têm a mesma eficácia. No entanto, o Ministério da Saúde
continuará acompanhando e atualizando as estratégias, conforme a atualização
das pesquisas”, afirmou o ministro. O anúncio foi feito em conjunto com
representantes das secretarias estaduais de saúde de São Paulo, Rio de Janeiro
e Bahia.
A estratégia de fracionamento
da vacina é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quando há
aumento de epizootias e casos de febre amarela silvestre de forma intensa, com
risco de expansão da doença em cidades com elevado índice populacional e que
não tinham recomendação para vacinação anteriormente. A dose fracionada tem
mostrado a mesma proteção que a dose padrão. Estudos em andamento continuarão a
avaliar a proteção posterior a esse período. A única diferença está no volume.
A dose padrão (0,5 Ml) protege por toda a vida, enquanto a dose fracionada (0,1
Ml) protege por pelo menos oito anos, segundo estudo realizado pelo Instituto
de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz).
A Coordenadora do Programa
Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, explicou que a
febre amarela é uma doença sazonal, geralmente com aumento de casos de dezembro
a maio. “Para evitar que isso aconteça, estamos antecipando essa vacinação
porque o vírus entrou em uma área com elevada densidade populacional”,
justificou a coordenadora. Segundo ela, se a medida não fosse adotada, poderia
ocorrer aumento de casos e óbitos. “É importante ressaltar que toda revisão do
calendário nacional de vacinação é acompanhado, sistematicamente, pelo comitê
assessor técnico, com especialistas de diversas áreas”, acrescentou
No estado de São Paulo, 4,9
milhões de pessoas receberão a dose fracionada e 1,4 milhão a dose padrão em 53
municípios. Já no Rio de Janeiro, 2,4 milhões de pessoas deverão receber a dose
fracionada e 7,7 milhões a padrão em 15 municípios. Na Bahia, 2,5 milhões de
pessoas serão vacinadas com a dose fracionada e 813 mil com a dose padrão em
oito municípios. O período da campanha em São Paulo será de 3 a 24 de
fevereiro, sendo os dias 3 e 24 (sábados) os dias D de mobilização da campanha.
Já no Rio de Janeiro e Bahia, devido ao período do carnaval, as campanhas
ocorrerão do dia 19 de fevereiro a 9 de março, sendo o dia 24/02 o dia D de
mobilização.
Neste mês de janeiro, os
estados e municípios irão treinar os profissionais de saúde e adequar a
logística para realização do fracionamento. Para isso, o Ministério da Saúde
deve repassar aos estados R$ 54 milhões do Piso Variável de Vigilância em
Saúde, recurso extra para auxiliar os estados na realização da campanha. Desse
total, já foram repassados R$ 15,8 milhões para São Paulo e, até o fim deste
mês, serão destinados R$ 30 milhões para o Rio de Janeiro e R$ 8,2 milhões para
a Bahia.
PADRÃO E FRACIONADA -
Alguns públicos não são indicados para receber a dose fracionada, portanto irão
participar da campanha recebendo a dose padrão: crianças de 9 meses a menores
de dois anos; pessoas com condições clínicas especiais (vivendo com HIV/Aids,
ao final do tratamento de quimioterapia, pacientes com doenças hematológicas,
entre outras), gestantes e viajante internacional (devem apresentar comprovante
de viagem no ato da vacinação). A vacinação fracionada é recomendada para
pessoas a partir dos dois anos.
A vacina é contraindicada para
pacientes em tratamento de câncer, pessoas com imunossupressão e pessoas com
reação alérgica grave à proteína do ovo. No caso dos idosos, a vacinação deverá
ser aplicada após avaliação dos serviços de saúde. A vacinação contra febre
amarela impede a doação de sangue por um período de quatro semanas. As pessoas
devem realizar a doação de sangue antes da vacinação para manutenção dos
estoques de hemocomponentes.
O Secretário Executivo do
Ministério da Saúde, Antônio Nardi, lembrou que as pessoas que vão viajar para
áreas com circulação do vírus precisam se vacinar. “A vacina de febre amarela
tem efeito após 10 dias da aplicação, por isso é preciso que as pessoas que vão
viajar se atentem para esse período, para estarem protegidos durante a viagem”,
ressaltou o secretário.
Para a campanha de
fracionamento da vacina de febre amarela, o Ministério da Saúde vai repassar
aos estados 15 milhões de doses fracionadas e 4,7 milhões de doses padrão, que
será suficiente para vacinar 19,7 milhões de pessoas. Ao longo de todo o ano de
2017, o Ministério da Saúde enviou aos estados 45 milhões de doses da vacina,
tanto para a rotina de vacinação como para o reforço nos estados afetados pelo
surto. Somente para MG, RJ, SP, ES e BA foram distribuídas 32,8 milhões de
doses extras. Além disso, foram distribuídas 12,2 milhões de doses da
vacina de febre amarela na rotina para todos os estados da federação.
O Plano Estratégico de
Vacinação contra a Febre Amarela foi elaborado com a participação de
representantes do Ministério da Saúde, da Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS), da OMS e Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos
(CDC), e aprovado pelo grupo de trabalho do Comitê Técnico Assessor em
Imunizações (CTAI) e especialistas.
DOSE FRACIONADA -
Atualmente, o Ministério da Saúde utiliza a dose padrão da vacina de febre
amarela, com 0,5 mL. Já para a dose fracionada são aplicados 0,1 mL, o que
representa 1/5 da dose padrão. Um frasco com 5 doses da vacina de febre
amarela, por exemplo, pode vacinar 25 pessoas e um frasco com 10 doses pode
vacinar 50 pessoas.
Estudo recente feito pelo
Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Biomanguinhos/Fiocruz) comprovou
que a dose fracionada da vacina de febre amarela é eficaz por, pelo menos, 8
anos. O estudo de dose resposta avaliou 319 militares vacinados com a dose
fracionada em 2009 e, após 8 anos, verificou-se a presença de anticorpos contra
a doença em 85,3% dos participantes, semelhantes ao observado com a dose padrão
neste mesmo período (88%).
“É muito importante que
pesquisas fundamentem o processo de tomada de decisões. Por isso a Fiocruz, com
esse estudo do fracionamento da vacina de febre amarela, que começou em 2009,
pode trazer subsídios científicos para que os estados, junto ao Ministério da
Saúde, optassem pela estratégia de fracionamento neste momento de risco de
transmissão da doença”, explicou a presidente da Fiocruz, Nisia Trindade.
Dessa forma, os resultados dão
suporte ao uso de doses fracionadas da vacina de febre amarela. A estratégia já
foi utilizada anteriormente no controle da epidemia na República Democrática do
Congo pela OMS, que utilizou 1/5 da dose Padrão da Vacina de Febre Amarela de
Bio-Manguinhos/Fiocruz. Na ocasião, 7,8 milhões de pessoas foram vacinadas em
15 dias.
DIVULGAÇÃO DA CAMPANHA DE
VACINAÇÃO – Com o slogan “Informação para todos,
vacina para quem precisa”, a divulgação das ações de vacinação do Ministério da
Saúde, em parceria com os estados pretende chamar a atenção da população para a
importância da vacinação em locais com risco de transmissão da doença.
CASOS - Os
informes de febre amarela seguem a sazonalidade da doença que acontece, em sua
maioria, no verão, sendo realizados de julho a junho de cada ano. No período de
monitoramento (julho/2017 a junho/2018), até o dia 8 de janeiro deste ano,
foram confirmados 11 casos de febre amarela, sendo oito no estado de São Paulo,
um no Rio de Janeiro, um em Minas Gerais e um no Distrito Federal. Quatro casos
evoluíram para óbito, sendo dois em São Paulo, um em Minas Gerais e um no
Distrito Federal. Ao todo, foram notificados 381 casos suspeitos de febre
amarela em todo o país no período, sendo que 278 foram descartados e 92
permanecem em investigação.
Em relação ao surto que
ocorreu no primeiro semestre de 2017, entre dezembro de 2016 e junho de 2017,
foram confirmados 777 casos e 261 óbitos por febre amarela, o que representou a
maior transmissão da doença das últimas décadas. A região Sudeste concentrou a
grande maioria das notificações, com 764 casos confirmados, seguida das regiões
Norte (10 casos confirmados) e Centro-Oeste (3 casos). As regiões Sul e
Nordeste não tiveram confirmações.
A vacinação para febre amarela
é ofertada na rotina dos municípios com recomendação de vacinação nos seguintes
estados: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito
Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas
Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul e
Santa Catarina.
É importante informar que a
febre amarela é transmitida por meio de vetor (mosquitos dos gêneros Haemagogus
e Sabethes no ambiente silvestre). O último caso de febre amarela urbana
foi registrado no Brasil em 1942, e todos os casos confirmados desde então
decorrem do ciclo silvestre de transmissão.
Distribuição dos casos de
febre amarela notificados: 1º/7/2017 a 08/01/2018
Anexo:
Fotos: Erasmo Salomão/MS
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