Você sabe o que é fotônica? Manufatura
avançada? Nanomateriais? Esses termos, ainda restritos a círculos de cientistas,
empresas de tecnologia e indústrias de ponta, designam tecnologias que começam
a ser usadas em diversos segmentos econômicos e que servem como alavanca para
outras inovações. Pra impulsionar a pesquisa e a aplicação dessas inovações,
foi lançado hoje (2), em Brasília, um plano nacional para o segmento,
denominado pelo governo de “tecnologias convergentes e habilitadoras”.
“Este conjunto de tecnologias tem o
poder de causar mudanças radicais e a tendência de gerar um ciclo acelerado de
desenvolvimento e um impacto profundo em virtualmente todos os campos de
conhecimento, beneficiando o aumento do desempenho humano, seus processos e
produtos, a qualidade de vida e justiça social”, explica o documento, uma
iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações
(MCTIC).
A primeira parte do plano, apresentada
hoje, teve foco em ações para o desenvolvimento da área de nanotecnologia, que
compreende uma área do conhecimento transversal, relacionada à dimensão das
substâncias, trabalhadas na escala de um bilionésimo de metro. A nanotecnologia
abrange tanto microsubstâncias orgânicas quanto metais, cerâmicas e outros
tipos de materiais. O objetivo do plano é estabelecer uma política de Estado
que torne o Brasil uma referência neste setor.
Desafios
O documento coloca como grande desafio
fortalecer o que chama de um “ecossistema de nanotecnologia”, em que centros de
pesquisa, laboratórios, programas nacionais possam prover soluções para
empresas e agentes com vistas a aplicar essas inovações no mercado em diversas
atividades econômicas.
“Esse é um desafio para Ciência e
Tecnologia. Avançamos na produção de conhecimento tecnológico, mas nos rankings
de inovação nosso país precisa evoluir mais. Faremos isso por meio da
integração dos centros de pesquisa e o setor privado, inserindo novas empresas
nas cadeias globais de nanotecnologia”, disse o secretário de desenvolvimento
tecnológico e inovação do MCTIC, Maximiliano Martinhão.
O presidente substituto do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Marcelo Morales,
reforçou a necessidade de ampliar a integração entre a ponta responsável pela
produção de conhecimento e as empresas que muitas vezes demandam ou podem
melhorar sua atuação no mercado com a uso aplicado dessas inovações. “Entre
setor industrial e pesquisa básica tem o ‘vale da morte’ que temos que
resgatar”, afirmou.
Além dessa integração, o plano lista
outros desafios para fortalecer o desenvolvimento da nanotecnologia no país: o
financiamento limitado para pesquisa, a comercialização de nanoprodutos, o
pouco fomento específico para essas soluções tecnológicas, e o baixo suporte a
ecossistemas e redes regionais.
Áreas
O plano elenca possibilidades de
inovações em diversas áreas. Na de saúde é possível desenvolver soluções em
implantes ortopédicos, próteses endovasculares, materiais dentários, pequenas
estruturas para diagnóstico e monitoramento de doenças e nanobiomateriais para
engenharia de tecidos humanos.
No setor de segurança, a nanotecnologia
pode ser aplicada em blindagem balística, soldagem de metais e cerâmicas,
sensores avançados e proteção térmica, entre outros.
Na área de energia, a nanotecnologia
pode contribuir nas pesquisas sobre biocombustíveis, eletricidade solar,
energia nuclear e eólica, além de armazenamento. Na agricultura, podem ser
desenvolvidos recursos técnicos como nanosensores para monitorar as condições
do solo, sistemas de detecção de agroquímicos e regulação de crescimento de
plantas e das doses de água.
Um dos setores de ponta é o que vem
sendo chamado de “descoberta inteligente de materiais”. Pela análise de
substâncias e propriedades de materiais, sistemas inteligentes coletam dados e
os processam usando recursos como aprendizagem de máquina (machine learning).
Com esses recursos, o tempo de pesquisa e uso de um material poderia cair de 10
para três anos, com ganhos de escala e redução de custos.
Iniciativas recentes
Presente ao evento de lançamento do
plano, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto
Kassab, destacou que o governo tem atuado no apoio à pesquisa, no financiamento
por meio da Finep e do CNPq e na integração de esforços no desenvolvimento da
área e disseminação dela no país. “A nanotecnologia está presente em tudo.
Portanto, é fundamental para o desenvolvimento de um país no seu futuro”,
afirmou o ministro.
Desde 2013, foram estruturadas duas
redes de pesquisa em funcionamento, uma em nanodispositivos e outra em
nanomateriais. Elas abrangem 26 laboratórios em todos o país. De acordo com
Fernando Ribeiro, analista da presidência da Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), desde 2013 foram contemplados 35 projetos, com orçamento de R$ 9,1
milhões. Além disso, editais e chamadas públicas de apoio a projetos de
pesquisa do CNPq também contemplaram iniciativas nesta área.
Próximos passos
Segundo o MCTIC, as demais partes do
plano, com medidas para outras tecnologias, serão divulgadas posteriormente.
Contudo, a assessoria do órgão não adiantou uma previsão de data para esses
anúncios.
(Fonte: Agência Brasil
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