Pela primeira vez na história
do país, uma insulina análoga humana de altíssima tecnologia e fabricada
totalmente no Brasil será fornecida a pessoas com diabetes por
meio do Sistema Único de Saúde.
O medicamento, da farmacêutica
Novo Nordisk, é o hormônio de ação ultrarrápida e, na rede pública, será
destinado a pacientes com o tipo 1 da doença que preencham alguns critérios
médicos. Ele já vem embutido em uma caneta para aplicação, dispensando frascos
e seringas.
Estima-se que 400 mil
brasileiros de todas as regiões serão beneficiados com a distribuição pelo SUS.
A insulina é feita na fábrica
da Novo Nordisk, companhia de origem dinamarquesa, em Montes Claros, no norte
de Minas Gerais. A unidade produz nada menos do que 15% de toda a insulina
usada no planeta. Os lotes que saem de lá ainda correspondem a um quarto dos
fármacos exportados pelo Brasil.
De acordo com Allan Finkel,
vice-presidente e gerente-geral do laboratório no país, a medicação que chega
ao SUS é de uso mais simples, seguro e efetivo que as insulinas rápidas
regulares, o que favorece a adesão do paciente. “É um avanço que reflete o
compromisso da companhia em ajudar a reverter o cenário de que sete em cada dez
diabéticos não alcançam o resultado esperado do tratamento”, declara.
Em geral, pessoas com diabetes tipo 1 — versão da doença marcada pela agressão
do sistema imune ao pâncreas, o que acaba com a produção de insulina pelo
organismo — precisam usar dois tipos de insulina: a basal, de lenta duração, e
a rápida ou ultrarrápida. A basal é aplicada logo pela manhã e seu efeito se
estende ao longo de todo o dia (há versões cuja duração é ainda maior). Já as
rápidas e ultrarrápidas são indicadas para os momentos que antecedem as
refeições.
Enquanto a rápida demora cerca
de meia hora para fazer efeito e atua por entre cinco e oito horas, a
ultrarrápida age entre dez e vinte minutos e tem duração de três a cinco horas.
“Ela simula melhor a ação da insulina produzida pelo nosso corpo”, observa o
endocrinologista Rodrigo Mendes, gerente médico da Novo Nordisk.
É a partir dessa
característica que vêm à tona as vantagens da medicação ultrarrápida, conhecida
como asparte. “Estamos falando de uma insulina que gera menos hipoglicemias, as
quedas bruscas de açúcar no sangue, propicia menos ganho de peso e favorece a
adesão ao tratamento diário”, analisa o endocrinologista Carlos Eduardo Barra
Couri, pesquisador da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
Fazendo as aplicações como
manda o figurino, o diabético ganha qualidade de vida e menor risco de
enfrentar as complicações da doença, como problemas cardiovasculares, perda de
visão, falência renal, amputação de membros…
A caneta pré-preenchida com o
hormônio, pronta para uso, é outro destaque. “Ela dá mais flexibilidade para o paciente,
evita inexatidões com a dose, resiste mais ao calor, o que facilita transporte
e manuseio, oferece menos dor no local da aplicação e menor risco de
ferimentos”, lista Mendes. “Também faz um clique quando utilizada para guiar
pacientes que já tenham algum déficit visual”, completa.
Um estudo conduzido na Irlanda
mostra que 95% dos diabéticos do tipo 1 preferem a caneta no dia a dia, em
detrimento do modelo mais antigo e sujeito a falhas, dependente de frascos e
seringas.
Canetas de insulina na linha
de montagem da Novo Nordisk em Montes Claros (MG)
Existem alguns critérios para
o paciente receber a insulina asparte pelo sistema público em unidades
especializadas de atendimento. Em primeiro lugar, deve ter o tipo 1 da doença e
ser acompanhado periodicamente por um médico. Em segundo, já deve ter tentado,
sem sucesso, o tratamento com a insulina rápida (ou regular) por pelo menos
três meses, monitorando a glicemia com um aparelhinho, o glicosímetro, pelo
menos três vezes ao dia.
Outro critério é a ocorrência,
em um período de três meses, de episódios frequentes ou graves de hipoglicemia,
inclusive noturnas.
A mesma medicação também está
disponível na rede privada, ficando a cargo do médico elegê-la ou não para
diabéticos do tipo 1 ou mesmo pessoas com o tipo 2 que dependem da
insulinização. “No mundo ideal, todo paciente com diabetes tipo 1 deveria ter
acesso à versão ultrarrápida, já que ela mimetiza melhor o processo que
acontece naturalmente no organismo”, opina Couri.
Calcula-se que entre 5 e 10%
das pessoas com diabetes — um universo de 12,5 milhões de cidadãos no
Brasil — tenham o tipo 1 da doença
No portal do MS: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/diabetes poderá
encontrar tudo sobre a doença, tratamentos e cuidados
Por Diogo Sponchiato, Foto:
Gui Soares/SAÚDE é Vital
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