Em
sessão solene no Plenário da Câmara, deputados pediram avanços nas políticas
públicas de combate ao câncer. A solenidade foi realizada nesta terça-feira
(9), em razão do Dia Mundial de Combate ao Câncer, comemorado em 8 de abril.
Silvia
Cristina: tabela do SUS precisa incluir medicamentos mais caros e eficientes
Em
discurso encaminhado para leitura no Plenário, o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia, destacou que mais de 100 proposições sobre o combate ao câncer tramitam
na Câmara e que muitas serão aprovadas e transformadas em lei, como a que ficou
conhecida como Lei dos 60 Dias, sancionada no final de 2012.
Essa
lei (Lei 12.732/12) garante aos pacientes com câncer o acesso a tratamento, em
até 60 dias, a contar do dia em que a doença for diagnosticada.
Rodrigo
Maia acrescentou que é preciso seguir com um esforço conjunto entre o poder
público e a sociedade civil para reduzir a incidência da doença. “Segundo o
Inca [Instituto Nacional do Câncer], somente em 2019, haverá cerca de 600 mil
novos casos”, ressaltou.
A
deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC) afirmou que os desafios no combate ao
câncer e na aprovação de leis nesse sentido são grandes, mas reconheceu avanços
como a aprovação da Lei 12.732/12. “Ainda estamos longe de garantir que isso
aconteça na prática [o início do tratamento em até 60 dias], mas foi a partir
dessa lei que temos hoje um plano de expansão da radioterapia”, salientou.
Já
a deputada Silvia Cristina (PDT-RO), uma das autoras do requerimento para a
realização da solenidade e coordenadora da Frente Parlamentar Mista
em prol da Luta contra o Câncer, defendeu a revisão da tabela do Sistema Único
de Saúde (SUS) para incluir novos medicamentos. “Vamos pedir urgência para a
votação de projetos de lei para que medicamentos mais eficientes e que são mais
caros também sejam incluídos na tabela do SUS”, afirmou.
Mamografia
A deputada Tereza Nelma (PSDB-AL) compartilhou as angústias de quem recebe o diagnóstico da doença. “Estou deputada, mas sou uma paciente oncológica”, afirmou. “Faço parte desse movimento sofrido, mesmo já tendo superado três tipos de câncer.”
A deputada Tereza Nelma (PSDB-AL) compartilhou as angústias de quem recebe o diagnóstico da doença. “Estou deputada, mas sou uma paciente oncológica”, afirmou. “Faço parte desse movimento sofrido, mesmo já tendo superado três tipos de câncer.”
Tereza
Nelma questionou por que o Ministério da Saúde e o Inca continuam recomendando
que o exame de mamografia seja disponibilizado para mulheres a partir dos 50
anos, se a Lei 11.664/08 determina que o procedimento seja feito desde os 40
anos. “Que prática é essa? Será que o câncer espera?”
A
deputada também ressaltou a necessidade de retomar a discussão sobre a escassez
de mamógrafos em todo o Brasil.
Estatuto
O deputado Eduardo Braide (PMN-MA) destacou projeto de lei (PL 1605/19) de sua autoria que pretende instituir o Estatuto da Pessoa com Câncer. A proposta tem como objetivo compilar todas as leis e regras que tratam do assunto. “É um novo instrumento legal para constar todos os direitos que o paciente com câncer deve ter”, disse Braide.
O deputado Eduardo Braide (PMN-MA) destacou projeto de lei (PL 1605/19) de sua autoria que pretende instituir o Estatuto da Pessoa com Câncer. A proposta tem como objetivo compilar todas as leis e regras que tratam do assunto. “É um novo instrumento legal para constar todos os direitos que o paciente com câncer deve ter”, disse Braide.
Para
ele, o estatuto vai aproximar a legislação da realidade, além de facilitar a
fiscalização.
Mortalidade
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo
Fernandes, apresentou os números de casos e de mortes em decorrência do câncer.
“A cada ano, no Brasil, são cerca de 600 mil novos casos da doença.
Considerando que a taxa de mortalidade é de aproximadamente 30%, significa que
praticamente 200 mil famílias serão machucadas por essas perdas todos os anos.
São dados alarmantes”, informou.
Dr. Frederico criticou a
discussão sobre menos impostos do cigarro
Já
a superintendente de Desenvolvimento Institucional do Hospital Grupo de Apoio
ao Adolescente e à Criança com Câncer, Tammy Allersdorfer, afirmou que, segundo
dados do Inca, o câncer é atualmente a primeira causa da morte de crianças e
adolescentes, considerados de 1 a 19 anos no País.
Cigarro
e agrotóxicos
O vice-presidente da frente parlamentar de combate ao câncer, deputado Dr. Frederico (Patri-MG), que também é médico oncologista, mencionou a discussão sobre possível mudança da tributação incidente no cigarro. “Será que esse é o melhor caminho?”, questionou.
O vice-presidente da frente parlamentar de combate ao câncer, deputado Dr. Frederico (Patri-MG), que também é médico oncologista, mencionou a discussão sobre possível mudança da tributação incidente no cigarro. “Será que esse é o melhor caminho?”, questionou.
O
deputado Nilto Tatto (PT-SP), em igual sentido, afirmou que o assunto deve ser
objeto de debate pela frente parlamentar. “Nós temos um desafio aqui dentro
para não deixar avançar esse tipo de proposta, que vai aumentar os casos de
câncer”, enfatizou.
Segundo
o parlamentar, outro assunto a ser enfrentado é o uso de agrotóxicos e a
criação da política nacional de redução de agrotóxico. “É preciso repensar o
modelo de agricultura e a forma de produção de alimentos no País, para ter
alternativas e garantir uma alimentação sadia”, disse Tatto.
Já
o deputado André Janones (Avante-MG) pediu coerência aos deputados quando
projetos sobre o assunto ou temas semelhantes forem apresentados. “Não tem
ninguém que seja contra o câncer, mas, na hora de votar, cede ao lobby das
grandes empresas e indústrias”, disse.
O
deputado e médico cirurgião Pedro Westphalen (PP-RS) salientou a relevância da
atuação conjunta dos parlamentares, independentemente de questões partidárias,
quando o assunto for o combate ao câncer. “Temos que fazer das nossas
diferenças ideológicas um aprendizado na busca pelo bem comum”, declarou.
Para
o diretor do Instituto Oncoguia, Tiago Farina Matos, além da elaboração das
leis em favor dos pacientes com câncer, é preciso fiscalização do atual sistema
de saúde. Ele fez um apelo aos parlamentares: “usem toda sua energia para lutar
por um melhor sistema de saúde”.
ÍNTEGRA
DA PROPOSTA: PL-1605/2019
Reportagem
– Karina Berardo, Edição – Pierre Triboli, Michel Jesus/Câmara dos Deputados
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