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quarta-feira, 6 de setembro de 2017

LABORVIDA - POLICIA FEDERAL, realizou hoje(5) busca e apreensão no laboratório farmacêutico na égide da operação "UNFAIR PLAY" como mais uma etapa da LAVA JATO

Lava Jato apura suspeita de compra de voto para escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016

PF e MPF cumprem mandados de busca na casa de Carlos Arthur Nuzman e no Comitê Olímpico Brasileiro. Empresário conhecido como 'Rei Arthur' é alvo de mandado de prisão. Ex-sócia de Arthur foi presa na manhã desta terça

Agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal prenderam, na manhã desta terça-feira (5), Eliane Pereira Cavalcante, ex-sócia de Arthur César de Menezes Soares Filho, conhecido como Rei Arthur, ex-dono da empresa Facility, que é procurado pelos agentes. O objetivo é cumprir mandados contra suspeitos de comprar jurados da eleição da cidade sede da Olimpíada de 2016.

A operação, batizada de Unfair Play, é mais uma etapa da Lava Jato no Rio de Janeiro. Em março, o jornal francês “Le Monde” havia denunciado que, três dias antes da escolha da cidade, houve pagamento de propina a dirigentes do Comitê Olímpico Internacional.

Por volta das 6h, os agentes chegaram à casa de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio 2016, para cumprir mandados de busca. Os agentes permaneceram no local por cerca de 3h30. Também foram realizadas buscas na sede do COB. Às 10h15h, ele chegou à sede da PF para prestar depoimento.

Por quebra de e-mails trocados entre os sócios, o MPF descobriu que o Arthur pretendia se mudar para o Uruguai. Como há suspeitas de que o presidente do COB tenha nacionalidade russa, ele está proibido de se ausentar do país e deverá entregar todos os passaportes que possuir.

As investigações encontraram indícios de que Nuzman teve participação na compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para os jogos e que teria sido o responsável por interligar corruptos e corruptores.

De acordo com as investigações, um dos votos foi comprado de Lamine Diack – então presidente da Federação Internacional de Atletismo e então membro do Comitê Olímpico Internacional –, por meio de seu filho, Papa Massata Diack.

O advogado de defesa de Carlos Nuzman afirmou que o cliente não cometeu ilegalidades. "Vou examinar o processo e daremos as explicações. Ele está tranquilo e sereno", afirmou o advogado Sergio Mazzillo, garantindo que "nenhuma irregularidade foi cometida". O G1 ainda não conseguiu contato com as defesas de Arthur e de Elaine.
O COI afirmou, em nota, que está colaborando com as investigações e que tem total interesse que o assunto seja esclarecido. O COB, o comitê organizador dos jogos e a defesa de Sérgio Cabral ainda não se pronunciaram.

Principais pontos da investigação:
A Justiça francesa investiga denúncia de compra de votos na escolha do Rio como sede da Olimpíada de 2016.

A suspeita é que um dos votos comprados é o de Lamine Diack, então membro do Comitê Olímpico Internacional.

Segundo o MPF, o dinheiro para a compra do voto de Lamine saiu de uma empresa de Arthur Soares, o Rei Arthur.

Uma empresa de Soares transferiu US$ 2 milhões para Papa Diack, filho de Lamine.
Para o MPF, as ‘negociações’ feitas por Carlos Arthur Nuzman foram ‘essenciais’ para o repasse da propina.

Segundo a investigação, realizada em colaboração com o Ministério Público francês, Cabral determinou que Arthur Soares realizasse pagamento de US$ 2 milhões ao ex-atleta Papa Diack, para obter votos de seu pai para a eleição da cidade do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016.

O Ministério Público das Finanças francês já vinha fazendo essa investigação da compra de votos e, por um acordo de cooperação, está trabalhando com o Ministério Público Federal do Brasil. Na manhã desta terça(5), há autoridades francesas acompanhando a operação na casa de Nuzman, no Leblon, na Zona Sul do Rio.

Também há um mandado de prisão preventiva contra Arthur Soares Filho, que vive em Miami, nos Estados Unidos, e pode ser preso lá. O empresário já é considerado foragido e está na Difusão Vermelha, a lista de procurados da Interpol. Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal do Rio.

Também foram expedidos mandados de busca e apreensão nas empresas AS Patrimonial, Pulse Participações, Laborvida Laboratórios Farmacêuticos, LHS Barra Empreendimentos Imobiliários, Grupo Prol S.A., NZ Palestras, Conferências e Estuados Eireli. Além disso, foram bloqueados diversos bens dos envolvidos, incluindo apartamentos em área nobre do Rio de Janeiro, carros de luxo e aeronaves.

Para dar continuidade aos trabalhos, o MPF obteve na medida cautelar para realizar pedido de cooperação jurídica internacional com as Ilhas Virgens Britânicas, França e Estados Unidos, a fim de rastrear os recursos que Arthur Soares possui em nome de outras pessoas nesses países.
Segundo as investigações, o dinheiro do esquema vinha do empresário, que chegou a ter contratos que somavam milhões de reais com o governo do estado. Arthur abastecia uma conta no Caribe, que era gerenciada por um operador financeiro do grupo de Sérgio Cabral.

Ministério Público Federal (MPF) pediu o bloqueio de até R$ 1 bilhão do patrimônio de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB); do empresário Arthur Cesar Soares de Menezes Filho, o "Rei Arthur"; e de Eliane Pereira Cavalcante, ex-sócia do empresário. O objetivo, segundo procuradores, é reparar os danos causados pelos trio devido às proporções mundiais da acusação.

Elaine foi presa em casa em um prédio luxuoso em Laranjeiras, na Zona Sul. A empresa Facility, da qual ela foi sócia, possuía contratos milionários com o governo do estado na gestão de Sérgio Cabral, através do fornecimento de pessoal e de serviços.

Os procuradores descobriram que o grupo, para ter mais contratos com o governo do estado, pagava propina a Sergio Cabral a partir de uma conta na Antígua e Barbuda. O dinheiro depositado nesta conta foi usado também para pagar a compra de votos para que o Rio fosse sede da olimpíada do ano passado.

As investigações, iniciadas há nove meses, apontam que os pagamentos teriam sido efetuados tanto diretamente com a entrega de dinheiro em espécie, como por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.

Setenta policiais federais cumprem dois mandados de prisão preventiva e onze mandados de busca e apreensão, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal/RJ, na cidade do Rio de Janeiro (Leblon, Ipanema, Lagoa, Centro, São Conrado, Barra da Tijuca e Jacaré), no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e em Paris, na França. Os presos serão indiciados por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Organização criminosa internacional
De acordo com o Ministério Público, as fronteiras internacionais não limitaram a atuação da organização criminosa de Cabral. Para os procuradores, “trata-se de um esquema altamente sofisticado, que agia internacionalmente com desenvoltura e uma engenhosa e complexa relação corrupta”. Prova disso é que, para alcançar o atual estágio da investigação, o MPF teve que realizar pedidos de cooperação jurídica internacional com nada menos que quatro países diferentes: Antígua e Barbuda, França, Estados Unidos e Reino Unido.

Durante as investigações, o Ministério Público Francês colheu substancioso material para demonstrar que houve compra de votos para escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016. Um dos votos foi comprado de Lamine Diack, então presidente da Federação Internacional de Atletismo e então membro do Comitê Olímpico Internacional, por meio de seu filho, Papa Massata Diack.

Tido como um dos maiores contratados pelo Estado do Rio de Janeiro, “Rei Arthur” tinha interesse evidente e direto na realização desse grande evento esportivo: “vultosas quantias de investimentos da União e a abertura de uma imensa janela de oportunidades para exponenciar os contratos não apenas com o Estado, mas também com o Município e com o Comitê Olímpico Rio 2016”, detalha o MPF.

Com informações do G1


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