O perigo de reintrodução da
polio no Brasil foi discutido na reunião da Comissão Intergestores Tripartite
(CIT), que reúne o Ministério da Saúde e representantes de estados e municípios
As baixas coberturas vacinais,
principalmente em crianças menores de cinco anos, acenderam uma luz vermelha no
país. Em reunião com representantes de estados e municípios, o Ministério da
Saúde alertou que 312 municípios brasileiros estão com cobertura vacinal abaixo
de 50% para a poliomielite. Vale destacar que a pólio é uma doença já
erradicada no país. O dado foi divulgado pela coordenadora do Programa Nacional
de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI), Carla Domingues, durante reunião
da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), na última quinta-feira (28/06).
Recomendar a cobertura vacinal
homogênea no país é um trabalho constante do Ministério da Saúde.
Periodicamente, a coordenação do PNI emite notas técnicas para estados e
municípios sobre o monitoramento e avaliação das coberturas vacinais. Também
tem pautado frequentemente o tema nas discussões em fóruns, como Comissão
Intergestores Tripartite (CIT), que reúne representantes de todos os estados e
municípios. "O risco existe para todos os municípios que estão com
coberturas abaixo de 95%. Temos que ter em mente que a vacinação é a única
forma de prevenção da Poliomielite e de outras doenças que não circulam mais no
país. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas,
conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. É uma
questão de responsabilidade social”, concluiu a coordenadora do PNI, Carla
Domingues.
Para os estados que estão
abaixo da meta de vacinação, o Ministério da Saúde tem orientado os
gestores locais que organizem suas redes, inclusive com a possibilidade de
readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população brasileira.
Outra orientação é o reforço das parcerias com as creches e escolas, ambientes
que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo
familiar. Outro alerta constante da Pasta é para que estados e municípios
mantenham os sistemas de informação devidamente atualizados.
O Ministério da Saúde ainda
reforça que todos os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as
cadernetas de seus filhos, em especial das crianças menores de cinco anos que
devem ser vacinadas, conforme esquema de vacinação de rotina. "As
vacinas ofertadas pelo SUS estão disponíveis durante todo o ano, exceto a da
gripe que faz parte de uma campanha e exige um período específico de proteção,
que é antes do inverno", enfatizou Carla Domingues. Uma oportunidade de
atualizar caderneta será na próxima Campanha Nacional de Vacinação contra
a Poliomielite, que acontecerá no período de 6 a 31 de agosto de 2018.
Outra atuação do Ministério é
a disseminação de informações sobre vacinação em seus meios de comunicação,
seja por campanhas publicitárias por meio de entrevistas de especialistas;
interação nas redes sociais, publicação de matérias no Portal Saúde e discussão
com as Sociedades Médicas. "Em muitos casos, pais e responsáveis não vêm
mais algumas doenças como um risco, como é o exemplo da poliomielite. Por isso,
é necessário ressaltar a importância da imunização e desmistificar a ideia de
que a vacinação traz malefícios", ressaltou Carla Domingues. A diretora do
PNI ainda destacou que as vacinas são completamente seguras. "Em alguns
casos, as vacinas podem levar a eventos adversos, assim como ocorre com os
medicamentos, mas são infinitamente menores que os malefícios trazidos pelas doenças.
As vacinas são seguras e passam por um rígido processo de validação",
completou.
País livre da pólio
O Brasil está livre da
poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana
da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus
Selvagem. Por isso é fundamental a manutenção das elevadas coberturas vacinais,
acima de 95%. Embora o Brasil esteja livre da paralisia infantil desde
1990 é fundamental a continuidade da vacinação para evitar a reintrodução do
vírus da poliomielite no país. De acordo com dados da Organização Mundial da
Saúde, três países ainda são considerados endêmicos (Paquistão, Nigéria e
Afeganistão)", explicou a Diretora do PNI, Carla Domingues.
No início do século XX, as
doenças imunopreveníveis como poliomielite e varíola eram endêmicas no Brasil,
causando elevado número de casos e mortes em todo o país. As ações de
imunização e, especialmente os 44 anos de existência do Programa Nacional de
Imunizações (PNI), foram responsáveis por mudar o perfil epidemiológico destas
doenças no Brasil. Isso foi uma importante conquista da sociedade brasileira,
ao demonstrar sua eficiência erradicando a febre amarela urbana, a varíola, bem
como a eliminação da poliomielite, da rubéola, da síndrome da rubéola congênita
e do sarampo. Além disso, reduziu drasticamente a circulação de agentes
patógenos, responsáveis por doenças como a difteria, o tétano e a coqueluche.
Sobre a pólio
A poliomielite ou “paralisia
infantil” é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um
quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se
subitamente e sua evolução, frequentemente, não ultrapassa três dias. Acomete
em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal
característica a flacidez muscular, com sensibilidade conservada e arreflexia
no segmento atingido.
A transmissão ocorre por
contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por
objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou
pela via oral-oral, através de gotículas de secreções da orofaringe (ao falar,
tossir ou espirrar). A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a
higiene pessoal precária constituem fatores que favorecem a transmissão do
poliovírus.
Por Amanda Mendes, daAgência Saúde
0 comentários:
Postar um comentário