A Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz) foi comunicada (8/6) do credenciamento de seu primeiro biobanco cuja
curadoria é do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos
(Bio-Manguinhos/Fiocruz). O protocolo de desenvolvimento do biobanco foi
aprovado em reunião extraordinária da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(Conep) de 23 a 25 de maio, em Brasília.
Atualmente, existem 42
biobancos credenciados no Brasil e o de Bio-Manguinhos/Fiocruz é o sexto no
estado do Rio de Janeiro. Os demais biobancos credenciados no Rio são: Banco
Nacional de Tumores e DNA do Instituto Nacional de Câncer (Inca); Biobanco
de Material Biológico Humano da Universidade do Grande Rio
(Unigranrio); Biobanco de Dentes Humanos da Faculdade de Odontologia da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Biobanco do Grupo COI:
Armazenamento de Amostras Biológicas dos pacientes onco-hematológicos do Grupo
COI; e Biobanco do Rio de Janeiro (BBRJ).
Esta é uma importante
conquista, pois oficializa o primeiro biobanco da Rede Fiocruz de Biobancos
(RFBB), que objetiva estabelecer e manter biobancos estruturados em rede, para
dar suporte a projetos de pesquisa que sejam de benefício e de interesse da
saúde pública em âmbito nacional, levando em consideração a política de
CT&I da Fiocruz, além de facilitar e permitir o acesso do maior número
possível de pesquisadores aos biobancos participantes da RFBB.
Em 2014, foram criados grupos
de trabalho, incluindo profissionais de Bio-Manguinhos/Fiocruz e, em seguida,
instituída a Portaria 744/2015-PR, com o propósito de criar a RFBB, vinculada à
Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz). O
vice-presidente Rodrigo Correa de Oliveira enaltece a importância de um
biobanco dentro da Fundação dando suporte nas pesquisas clínicas que envolvem
coleta e armazenamento de amostras biológicas humanas junto às instâncias
éticas como a Conep. Outras unidades, como o Instituto Oswaldo Cruz
(IOC/Fiocruz), o Instituto Rene Rachou (Fiocruz Minas), a Fiocruz Rondônia e o
Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), também estão trabalhando no processo
de desenvolvimento de seus biobancos.
“Estamos provendo à comunidade
científica acesso a amostras biológicas humanas de qualidade, bem como de seus
dados associados, atendendo às necessidades atuais e principalmente futuras da
pesquisa no Brasil, com uma visão inovadora e em conformidade com os preceitos
éticos e regulatórios vigentes. Para a Fiocruz, ter uma rede de biobancos em um
sistema estruturado significa colocar a instituição em posição estratégica no contexto
nacional e internacional”, afirmou o vice-presidente.
Segundo o diretor de
Bio-Manguinhos/Fiocruz, Maurício Zuma, os investimentos em infraestrutura terão
resultados. “A experiência adquirida pelo Instituto com a construção desta
plataforma, associada à política de qualidade de Bio-Manguinhos, possibilitou e
acelerou o processo do credenciamento. Para armazenar amostras em um único
ambiente, Bio-Manguinhos adquiriu equipamentos e elaborou novos procedimentos.
O biobanco nos dará suporte para o desenvolvimento de novos produtos a serem
oferecidos para a sociedade”, detalhou.
A grande vantagem do biobanco
é que ele permite a guarda das amostras por tempo indeterminado, desde que
autorizado pelo participante de pesquisa, por meio de Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) e, quando aplicável, do Termo de Assentimento (Tale)
pelo seu responsável, específicos do biobanco. Em estudos clínicos que duram
muitos anos, como por exemplo o de imunidade de longo prazo para doses
fracionadas da vacina de febre amarela, é importante que haja um biobanco capaz
de armazenar as amostras dos voluntários ao longo do tempo.
O que é um biobanco?
De acordo a Resolução CNS Nº
441, de 12 de maio de 2011, que estabelece diretrizes para o armazenamento e
utilização de material biológico humano com finalidade de pesquisa, um biobanco
consiste em uma coleção organizada dessas amostras e suas informações
associadas, coletado e armazenado para fins de pesquisa, conforme regulamento
ou normas técnicas, éticas e operacionais pré-definidas, sob responsabilidade e
gerenciamento institucional, sem fins comerciais. Trata-se de uma área
controlada (acesso de pessoas, temperatura, automação, etc) que conta com uma
equipe administrativa e técnica.
No biobanco de
Bio-Manguinhos, a capacidade inicial será de 50 mil alíquotas de sangue
total, soro e plasma. Este material ficará armazenado em um ultrafreezer -86°C.
Há ainda outro equipamento para backup. “Essas amostras serão oriundas de
projetos de pesquisa clínica ou outros projetos de Bio-Manguinhos. No entanto,
o objetivo é a longo prazo, expandir a área física e, consequentemente, nossa
capacidade”, adiantou a coordenadora da Asclin, Maria de Lourdes de Sousa Maia.
Gabriella Ponte
(Bio-Manguinhos/Fiocruz)Agência Fiocruz
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