A partir desta semana (3/2), o
Brasil ganhará um reforço de peso na resposta nacional a uma possível
introdução do novo coronavírus (2019-nCoV) no país. Juntamente com a
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), especialistas do Laboratório de
Vírus Respiratório e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que
atua como Centro de Referência Nacional em Vírus Respiratórios para o
Ministério da Saúde, promoveram a capacitação de profissionais do Instituto
Evandro Chagas e do Instituto Adolfo Lutz para o diagnóstico laboratorial do
patógeno.
Até o momento, duas amostras
eram coletadas de cada indivíduo com suspeita de infecção pelo novo
coronavírus. Enquanto uma era direcionada ao Laboratório Central de Saúde
Pública do estado onde o paciente estava internado, a outra era encaminhada
para análise no laboratório da Fiocruz. "Essa capacitação representa um
passo importantíssimo na resposta do sistema de vigilância brasileiro diante de
uma possível emergência sanitária nacional. O suporte do Ministério da Saúde e
da Organização Pan-Americana da Saúde possibilitará a descentralização do
diagnóstico e, consequentemente, agilidade na investigação dos casos",
sinalizou o virologista Fernando Motta, pesquisador do Laboratório de Vírus
Respiratório e do Sarampo do IOC/Fiocruz.
Realizada nas
últimas quinta e sexta-feiras (30 e 31/1), a atividade contou com a
participação do assessor regional para Doenças Virais da Opas/OMS, Jairo
Méndez. O especialista atuou diretamente no estabelecimento de protocolos de
diagnóstico da infecção. "O Brasil possui uma das mais sólidas e
preparadas redes de vigilância em vírus respiratórios da América Latina. A
capacitação da rede brasileira foi o primeiro passo para a implementação do
diagnóstico específico nos países latino-americanos", adiantou Jairo, em
alusão ao treinamento de equipes técnicas de países do Cone Sul sob
representação da Opas que será realizado nos dias 6 e 7 de fevereiro.
Na ocasião, o assessor da Opas
repassou ao Laboratório insumos específicos para diagnóstico por RT-PCR em tempo
real do novo coronavírus, capaz de detectar o genoma viral.
A capacitação dos Serviços de
Referência Regionais foi acompanhada de perto pela Coordenação-Geral de
Laboratórios (CGLAB/SVS/MS), por meio da responsável em vírus respiratórios da
pasta, Miriam Teresinha Livorati. "A experiência acumulada da rede de
referência brasileira é o nosso ponto forte. A troca de experiência é bem
grande e os profissionais muito competentes. A CGLAB está dando todo o suporte
necessário para que as atividades sejam aprimoradas para o diagnóstico preciso
do novo vírus", comentou.
A assistente de pesquisa do
Instituto Adolfo Lutz, Margarete Benega, destacou o ponto-chave do treinamento.
“O objetivo é termos o alinhamento das informações para uma resposta mais
rápida para a sociedade”. A pesquisadora do Instituto Evandro Chagas, Mirleide
Santos, ressaltou a experiência da rede. “A nossa troca de conhecimento
possibilitará a resposta de casos suspeitos de qualquer lugar do Brasil”.
O Laboratório de Vírus
Respiratório e Sarampo do IOC/Fiocruz integra há mais de 60 anos a rede da
Organização Mundial da Saúde (OMS) de centros nacionais de Influenza e
desempenhou papel estratégico na busca de respostas em episódios de emergência
de saúde pública, como a atuação na linha de frente em surtos de Síndrome
Respiratória Aguda Grave (Sars), em 2002 e 2003, de influenza A (H1N1), em
2009, e de ebola, em 2015.
* Edição: Raquel Aguiar
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