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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Médicos, pacientes e deputados reforçam campanha de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço

A doença é associada sobretudo ao uso de cigarro e álcool. Segundo especialistas, o fumo aumenta o risco da doença em 16 vezes; as bebidas alcoólicas, em nove vezes; e os dois juntos, em 100 vezes

A Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, está participando da campanha de conscientização sobre a doença

Médicos, pacientes e deputados reforçaram a campanha de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço, que tem elevada incidência no Brasil.

O 'Julho Verde', campanha de conscientização sobre a doença, foi debatido em audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (6).

A iniciativa também partiu da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Câncer, coordenada pelo deputado Antônio Jácome (Pode-RN). A frente conta com 220 deputados e 15 senadores.

40 mil novos casos
O Instituto Nacional do Câncer prevê, só para este ano, cerca de 40 mil novos casos de tumores na região da cabeça e pescoço, sobretudo na boca, esôfago cervical, laringe e glândula tireoide. Os homens são as principais vítimas, apesar da crescente incidência entre as mulheres.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Fernando Walder, explicou que 50% dos pacientes são diagnosticados em estágio avançado da doença, o que dificulta o tratamento. "Diferentemente dos outros cânceres, o câncer de cabeça e pescoço é estigmatizante: ele está na cara. A pessoa não fala, não come, tem dor, tem disfunção, inclusive para viver em sociedade. É o maior índice de suicídio entre pacientes oncológicos do mundo. Se se pegar um paciente com uma lesão de um centímetro, cura-se esse paciente, com custo de tratamento quase zero e resultado excelente", alertou o médico.

Foco no diagnóstico
O foco no diagnóstico precoce também foi enfatizado pela presidente da Associação de Câncer de Boca e Garganta, Melissa Ribeiro. Ela perdeu a voz por conta de um câncer na laringe e falou, na audiência, com a ajuda de um aparelho transdutor de voz.

"Eu sou um exemplo de diagnóstico mal feito. Eu fui mal atendida por um otorrino durante um ano e meio. Foi um ano e meio que ele tirou de mim por falta de humildade de dizer: 'Olha, vamos fazer uma tomografia porque você está reclamando há um ano'. E ele brincou comigo: 'Para que você vai gastar em uma tomografia?' E assim acontece com um monte de pacientes que convivem comigo. Então, vamos trabalhar um pouquinho mais humanizado e um pouquinho mais multidisciplinar", destacou Melissa.

Tratamento caro
Segundo os especialistas, o tratamento eficiente é caro e multimodal, envolvendo, por exemplo, profissionais de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, odontologia, psicologia, fonoaudiologia e fisiatria. Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, há carência de profissionais no País e o atendimento médico é muito concentrado em poucas regiões.

Estudo realizado entre 2001 e 2012 mostra que, dentre os países emergentes do Brics, o Brasil foi o que mais investiu em saúde pública, por meio do SUS. Só que o valor seria mal aplicado, com 70% do volume oncológico gastos com quimioterapia. O Ministério da Saúde reconheceu o deficit expressivo em radioterapia, mas informou que um plano de expansão está em curso.

Racionalidade no investimento
Um dos autores do requerimento de audiência pública, o deputado Dr. Sinval Malheiros (Pode-SP), pediu maior racionalidade no investimento público em saúde. "O tumor de cabeça e pescoço é um problema sério de saúde pública e cerca de 500 mil casos novos são descobertos no mundo, por ano. É de suma importância, para o Brasil, discutirmos os assuntos relacionados a câncer, que é uma moléstia com crescente frequência", ressaltou o parlamentar.

Entre os principais sinais e sintomas do câncer de cabeça e pescoço, estão ferida na boca que não cicatriza, caroços e ínguas no pescoço, nódulos na bochecha, área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua e amígdalas, além de dificuldade ou dor para mastigar e engolir. A doença é associada sobretudo ao uso de cigarro e álcool. Segundo especialistas, o fumo aumenta o risco da doença em 16 vezes; as bebidas alcoólicas, em nove vezes; e os dois juntos, em 100 vezes.

Reportagem – José Carlos Oliveira, Edição – Newton Araújo, Foto: Cleia Viana, Agência Câmara Notícias


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