A doença é associada sobretudo
ao uso de cigarro e álcool. Segundo especialistas, o fumo aumenta o risco da
doença em 16 vezes; as bebidas alcoólicas, em nove vezes; e os dois juntos, em
100 vezes
A Comissão de Seguridade
Social e Família, da Câmara dos Deputados, está participando da campanha de
conscientização sobre a doença
Médicos, pacientes e deputados
reforçaram a campanha de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço, que tem
elevada incidência no Brasil.
O 'Julho Verde', campanha de
conscientização sobre a doença, foi debatido em audiência pública da Comissão
de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira
(6).
A iniciativa também partiu
da Frente Parlamentar Mista de Combate ao Câncer, coordenada
pelo deputado Antônio Jácome (Pode-RN). A frente conta com 220 deputados e 15
senadores.
40 mil novos casos
O Instituto Nacional do Câncer prevê, só para este ano, cerca de 40 mil novos casos de tumores na região da cabeça e pescoço, sobretudo na boca, esôfago cervical, laringe e glândula tireoide. Os homens são as principais vítimas, apesar da crescente incidência entre as mulheres.
O Instituto Nacional do Câncer prevê, só para este ano, cerca de 40 mil novos casos de tumores na região da cabeça e pescoço, sobretudo na boca, esôfago cervical, laringe e glândula tireoide. Os homens são as principais vítimas, apesar da crescente incidência entre as mulheres.
O presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Fernando Walder, explicou que 50%
dos pacientes são diagnosticados em estágio avançado da doença, o que dificulta
o tratamento. "Diferentemente dos outros cânceres, o câncer de cabeça e
pescoço é estigmatizante: ele está na cara. A pessoa não fala, não come, tem
dor, tem disfunção, inclusive para viver em sociedade. É o maior índice de
suicídio entre pacientes oncológicos do mundo. Se se pegar um paciente com uma
lesão de um centímetro, cura-se esse paciente, com custo de tratamento quase
zero e resultado excelente", alertou o médico.
Foco no diagnóstico
O foco no diagnóstico precoce também foi enfatizado pela presidente da Associação de Câncer de Boca e Garganta, Melissa Ribeiro. Ela perdeu a voz por conta de um câncer na laringe e falou, na audiência, com a ajuda de um aparelho transdutor de voz.
O foco no diagnóstico precoce também foi enfatizado pela presidente da Associação de Câncer de Boca e Garganta, Melissa Ribeiro. Ela perdeu a voz por conta de um câncer na laringe e falou, na audiência, com a ajuda de um aparelho transdutor de voz.
"Eu sou um exemplo de diagnóstico
mal feito. Eu fui mal atendida por um otorrino durante um ano e meio. Foi um
ano e meio que ele tirou de mim por falta de humildade de dizer: 'Olha, vamos
fazer uma tomografia porque você está reclamando há um ano'. E ele brincou
comigo: 'Para que você vai gastar em uma tomografia?' E assim acontece com um
monte de pacientes que convivem comigo. Então, vamos trabalhar um pouquinho
mais humanizado e um pouquinho mais multidisciplinar", destacou Melissa.
Tratamento caro
Segundo os especialistas, o tratamento eficiente é caro e multimodal, envolvendo, por exemplo, profissionais de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, odontologia, psicologia, fonoaudiologia e fisiatria. Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, há carência de profissionais no País e o atendimento médico é muito concentrado em poucas regiões.
Segundo os especialistas, o tratamento eficiente é caro e multimodal, envolvendo, por exemplo, profissionais de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, odontologia, psicologia, fonoaudiologia e fisiatria. Para a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, há carência de profissionais no País e o atendimento médico é muito concentrado em poucas regiões.
Estudo realizado entre 2001 e
2012 mostra que, dentre os países emergentes do Brics, o Brasil foi o que mais
investiu em saúde pública, por meio do SUS. Só que o valor seria mal aplicado,
com 70% do volume oncológico gastos com quimioterapia. O Ministério da Saúde
reconheceu o deficit expressivo em radioterapia, mas informou que um plano de
expansão está em curso.
Racionalidade no investimento
Um dos autores do requerimento de audiência pública, o deputado Dr. Sinval Malheiros (Pode-SP), pediu maior racionalidade no investimento público em saúde. "O tumor de cabeça e pescoço é um problema sério de saúde pública e cerca de 500 mil casos novos são descobertos no mundo, por ano. É de suma importância, para o Brasil, discutirmos os assuntos relacionados a câncer, que é uma moléstia com crescente frequência", ressaltou o parlamentar.
Um dos autores do requerimento de audiência pública, o deputado Dr. Sinval Malheiros (Pode-SP), pediu maior racionalidade no investimento público em saúde. "O tumor de cabeça e pescoço é um problema sério de saúde pública e cerca de 500 mil casos novos são descobertos no mundo, por ano. É de suma importância, para o Brasil, discutirmos os assuntos relacionados a câncer, que é uma moléstia com crescente frequência", ressaltou o parlamentar.
Entre os principais sinais e
sintomas do câncer de cabeça e pescoço, estão ferida na boca que não cicatriza,
caroços e ínguas no pescoço, nódulos na bochecha, área avermelhada ou
esbranquiçada nas gengivas, língua e amígdalas, além de dificuldade ou dor para
mastigar e engolir. A doença é associada sobretudo ao uso de cigarro e álcool.
Segundo especialistas, o fumo aumenta o risco da doença em 16 vezes; as bebidas
alcoólicas, em nove vezes; e os dois juntos, em 100 vezes.
Reportagem – José Carlos
Oliveira, Edição – Newton Araújo, Foto: Cleia Viana, Agência Câmara
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