Imunizações são apontadas como
responsáveis pela formação dos abscessos detectados por autoridades sanitárias
dos EUA
O ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, anunciou na última sexta-feira(7) que o
ministério realizará “testes cegos” com vacinas contra a febre aftosa aplicadas
em bovinos.
As vacinas são apontadas como
responsáveis pela formação, na carne bovina, dos abscessos – inflamação em cavidades
formadas nos tecidos – detectados por autoridades sanitárias dos Estados Unidos
e que levaram à suspensão da importação da carne brasileira in natura.
De acordo com o ministro, o
teste foi proposto pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Há uma proposta da própria Embrapa, e a gente vai adotar isso, de fazer um
teste cego. Você pega várias vacinas e vai aplicando nos animais e
acompanhando”, explicou.
Segundo Maggi, a intenção do
teste é detectar as marcas e as localidades em que os problemas, decorrentes da
vacinação, estão mais presentes. "Pedi uma investigação no Ministério da
Agricultura com respeito às vacinas. Estamos fazendo um mapeamento dos
frigoríficos e das nossas superintendências para saber onde tem mais problema ou
não, a marca da vacina, tudo. Vamos fazer um levantamento e rastrear todo o
processo”, disse.
Na última terça-feira (4), o
Ministério da Agricultura determinou aos frigoríficos brasileiros que carnes in
natura de cortes dianteiros a serem exportadas aos Estados Unidos sigam apenas
na forma de recortes, cubos, iscas ou tiras. Segundo nota divulgada pela pasta,
a medida visa a facilitar as negociações para retomar as vendas para aquele
mercado. Em junho, os Estados Unidos suspenderam a importação de carne fresca
do Brasil.
“Não há problema em a gente
mandar as peças menores. Está sendo retalhada, porque a carne que vai para lá é
um processo industrial. Ela vai ser moída para fazer hambúrguer. Os
frigoríficos aqui no Brasil estão abrindo as peças, verificando com muito
cuidado, inspecionando, e a gente espera ter resolvido esse problema”, disse
Maggi.
China
O ministro minimizou os
questionamentos apresentados pela China em relação à carne in natura
brasileira, após a suspensão da venda para os Estados Unidos. “Eu considero
isso, dentro do ambiente que nós estamos vivendo, normal. À medida que sai uma
notícia em qualquer um dos países que achou algum defeito, que faz alguma
consideração, é natural que os outros o façam também. Como nós faríamos com os
demais”, disse.
O ministro admitiu, no
entanto, que a situação tem gerado um “desconforto” aos exportadores
brasileiros. “O mercado não é feito no abraço, no beijo, ele é feito na
cotovelada, feito com muita pressão, a concorrência é muito grande. Os Estados
Unidos voltarem [a vender carne] para o mercado chinês, isso é um desconforto
para o Brasil, um desconforto bastante grande, mas é natural do mercado”,
disse.
Segundo o Ministério da
Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), a venda de carne fresca para os
Estados Unidos representa apenas 2% das exportações totais brasileiras.
Tradicionalmente, o país vende carne industrializada para o mercado
norte-americano, cujas exportações não foram afetadas.
No primeiro semestre, o Brasil
embarcou 14 mil toneladas de carne fresca para os Estados Unidos, que
totalizaram US$ 59 milhões. No ano passado, o país tinha vendido apenas US$ 121
milhões de carne in natura para os consumidores norte-americanos.
Por: AGÊNCIA BRASIL -Bruno
Bocchini, Edição: Fernando Fraga, Imagem: Alexandre Teixeira
0 comentários:
Postar um comentário