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Brasil tem a maior prevalência
do vírus nas Américas; doença pode causar sequelas incapacitantes e levar à
óbito
O Instituto Butantan está
recrutando adolescentes de 12 a 17 anos para testes com a candidata a vacina
contra a Chikungunya em nove cidades do país. O estudo brasileiro com o
imunizante desenvolvido pelo instituto, em parceria com a farmacêutica Valneva
Áustria Gmb, tem como objetivo avaliar a segurança e imunogenicidade da vacina
em 750 jovens que vivem em áreas onde a doença é considerada endêmica. O vírus
chikungunya, transmitido pelo Aedes aegypti, circula com mais força no Brasil
do que em qualquer país das Américas e sua manifestação pode causar sequelas
incapacitantes ou mesmo levar à morte.
A boa notícia é que os estudos
de fase 1, 2 e 3 da VLA1553-321 – como a vacina é conhecida internacionalmente
– realizados em 44 locais dos Estados Unidos, com maiores de 18 anos, mostraram
bons parâmetros de segurança e soroproteção de 98,5% tanto em
adultos quanto em idosos que receberam o imunizante de dose única.
No Brasil, o ensaio clínico de
fase 3 está sendo conduzido em centros de pesquisa localizados em Belo
Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Fortaleza (CE), Manaus (AM),
Recife (PE), Laranjeiras (SE), São Paulo (SP) e São José do Rio Preto
(SP). Veja os centros de pesquisa envolvidos aqui.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Brasil tem a maior incidência de casos de Chikungunya das Américas: ao menos 247.537 do total de 250.573 notificados nos países das Américas do Sul, Central e do Norte até 10/8 pela Plataforma de Informação sobre Saúde nas Américas (PLISA, na sigla em inglês).
Apesar de óbitos por
Chikungunya serem considerados mais raros, das 75 mortes notificadas nas
Américas em 2022 pelo PLISA, todas ocorreram no Brasil. O número foi
consideravelmente maior na comparação com 2021, quando foram notificadas 12
mortes pelo vírus no país.
A vacinação contra Chikungunya
é considerada uma estratégia eficaz no combate aos surtos no Brasil e nas
Américas como um todo, na opinião do consultor da Unidade Técnica
de Vigilância, Preparação e Resposta a Emergências e Desastres da Opas, Carlos
Frederico Campelo de Albuquerque e Melo, em entrevista ao Portal do
Butantan.
Quem pode se inscrever?
Os voluntários precisam da
autorização de seus responsáveis legais para participarem do estudo. Na
sequência, passarão por uma triagem clínica com base no histórico médico; exame
físico e testes laboratoriais.
Podem fazer parte do estudo
adolescentes que tenham ou não contraído a doença anteriormente. Pessoas que
fazem terapias imunossupressoras, gestantes e lactantes não poderão participar
desta fase da pesquisa.
Por que é importante avaliar a
vacina em jovens?
Analisar a resposta vacinal em
adolescentes vai ajudar a verificar o perfil de segurança da vacina em pessoas
de diferentes idades, uma vez que a doença tem um impacto considerável em quem
a contrai, incluindo os mais jovens.
“Uma das sequelas atribuídas à
Chikungunya são dores articulares que podem se tornar crônicas, a artralgia
crônica. No Brasil, onde a Chikungunya é endêmica, uma maior parcela da
população tende a estar mais exposta e com mais risco de contrair a doença”,
esclarece o gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Instituto Butantan Eolo
Morandi, um dos coordenadores do estudo clínico.
Segundo ele, os dados do
estudo em adolescentes associados aos dos adultos nos Estados Unidos poderão
ser suficientes para a avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) em uma possível aprovação da vacina no Brasil. “O registro
concedido pela Anvisa já poderá contemplar a população adolescente no momento
da aprovação”, explica.
Do que é feita a vacina contra
Chikungunya?
A vacina VLA1553-321 é de
vírus vivo atenuado. Vacinas atenuadas contêm o agente infeccioso vivo, mas
extremamente enfraquecido e incapaz de causar a doença. Essa tecnologia é
considerada segura para não infectar o imunizado e bastante conhecida, já que é
usada em imunizantes contra sarampo, caxumba, febre amarela e poliomielite oral
– todas usadas em crianças, jovens e adultos no Brasil.
A vacina vai proteger contra
Chikungunya?
O estudo realizado nos Estados Unidos demostrou que o imunizante induz a produção de anticorpos neutralizantes na ordem de 98,9% até 28 dias após a vacinação, e mantém os níveis de anticorpos neutralizantes elevados em até 96,3%, ao longo de seis meses após vacinação. O estudo clínico no Brasil pretende avaliar o grau de segurança e a imunogenicidade da vacina na população brasileira.
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