RicardoValverde (Agência Fiocruz de Notícias)
A mais nova edição do Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgada nesta quinta-feira (2/12), e referente à Semana Epidemiológica 47 (de 21 a 27 de novembro), mostra que 13 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): Acre, Amazonas, Amapá, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo. Destes, os que mais chamam a atenção são Pará, Ceará e Rio de Janeiro. No dado nacional, embora se mostre como um crescimento leve, podendo ser compatível com cenário de oscilação em torno de valor estável, a análise por faixa etária indica se tratar de aumento em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos. A análise foi feita tendo como base os dados inseridos no Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até 22 de novembro.
De acordo com o pesquisador
Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, ”na população com 30 anos ou mais o
crescimento é relativamente pequeno, sendo mais expressivo e presente desde
novembro em crianças, adolescentes e jovens adultos (20-29 anos)”. No caso das
crianças (0-9 anos), os resultados laboratoriais associados a esses casos
seguem apontando predomínio de vírus sincicial respiratório (VSR), que
acompanha a tendência de aumento de SRAG nessa faixa etária. No caso dos
adolescentes (10-19 anos) e jovens adultos (20-29 anos), se mantém
majoritariamente associados à Covid-19.
Estados
Embora mais da metade das 27
unidades federativas apresentem sinal de crescimento na tendência de longo
prazo (últimas seis semanas) até a semana 47, em parte delas o cenário de
crescimento recente ainda é compatível com oscilação em torno de um valor estável.
No Amazonas, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo o
crescimento recente é observado fundamentalmente entre crianças (0-9 anos). Já
entre os fluminenses também se observou aumento entre jovens adultos (20-29
anos).
O Pará apresenta sinal de
crescimento em todas as faixas etárias, principalmente a partir de novembro. No
Ceará, verifica-se situação similar, porém ainda incipiente. Nos demais
estados, sete apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo (Alagoas,
Goiás, Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Sergipe) e
quatro (Alagoas, Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Norte) têm sinal de
crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas 3 semanas). No entanto,
todos estão em situação compatível com oscilação em torno de valor estável. Em
Minas Gerais o crescimento recente está concentrado fundamentalmente em
crianças (0-9 anos).
Capitais
A análise conclui que 13 das
27 capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo
(últimas 6 semanas): Aracaju, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis,
Fortaleza, Macapá, Manaus, Natal, Porto Velho, Rio de Janeiro, Salvador, São
Luís e São Paulo. No entanto, Gomes explica que, “assim como foi destacado para
os estados, a análise da evolução temporal por faixa etária sugere tratar-se
apenas de crescimento leve compatível com oscilação ao redor de patamar
estável, de modo geral. No Rio de Janeiro observa-se que o crescimento ao longo
do mês de novembro se concentrou nas crianças e jovens adultos (20-29 anos)”.
O crescimento nos casos de
SRAG entre jovens adultos cariocas pode estar associado ao aumento de casos de
síndrome gripal causados pelo vírus influenza A (gripe). Gomes, no entanto,
destaca que para avaliação adequada dos resultados laboratoriais associados a
casos recentes é necessário aguardar algumas semanas para que essa informação
seja atualizada no Sivep-Gripe pelas autoridades de saúde responsáveis
(unidades de saúde da notificação ou secretarias de Saúde). Até o princípio de
novembro manteve-se presença majoritária de casos associados ao vírus
Sars-CoV-2 (Covid-19) nessa faixa etária, bem como nos demais adultos.
O pesquisador afirma que em quatro capitais há sinal de queda na tendência de longo prazo: Belém, Campo Grande, Goiânia e Porto Alegre. E outras quatro apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo (últimas 3 semanas): Plano Piloto e arredores de Brasília, Cuiabá, João Pessoa e Porto Alegre.
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